Assustou? Calma. Eu explico…

A Cidade dos Amaldiçoados, Village of the Damned no original, foi um filme dirigido pelo diretor alemão Wolf Rilla lançado em 1960, que teve uma continuação em 1963 (Filhos da Maldição, Children of the Damned) e um ”remake” de 1995 dirigido por John Carpenter e estrelado por Christopher Reeve – alias o último antes de ficar tetraplégico.

O filme em si trata da estória de um estranho e súbito desmaio coletivo que posteriormente desencadeou o nascimento de estranhas crianças, logo tratadas por seus pais como sérias ameaças. Tanto na filmagem original quanto na que se seguiu, a temática apresentada retrata um prisma pessimista sobre as gerações vindouras – cada vez mais desumanizadas e apáticas em relação ao mundo.

Não somente, o enredo se extende também em relação aos pais, que sofrem no desenrolar da história mortes referentes as suas próprias ações e papéis na sociedade. “o padre que paradoxalmente se suicida, a beata que morre queimada na fogueira como uma bruxa, o faxineiro que se empala com sua própria vassoura, a cientista que se auto-disseca numa mesa de cirurgiacit.

Tá, tá, tá, ok. E Saint Seiya nisso tudo? Bem, pense em Mitsumasa Kido tal como Ikki pensava até ser descatequizado de seu dogma adquirido na Ilha da Rainha da Morte: Para ele, Kido era tal como os pais daquela história. Ele deveria sofrer, ou ter sofrido, uma morte relacionada com suas próprias ações, carmicamente falando. Não podendo ser isto lhe atribuído, Ikki voltou seu ódio aos seus irmãos marionetes…

Ainda assim continuo vago nesta linha de raciocínio… – Até o dito, nada demais. Lei de Talião.

Mas voltemos à visão pessimista e desumanizada das gerações futuras. Ikki se via como o fruto mais desumanizado de sua geração, por todo seu histórico, e da mesma forma então olhava seus irmãos. Pois eram resultado das ações, ao seu entender, mesquinhas e insanas do velho Kido.

Mas por que cargas d’água esse assunto com esse filme de ilustração? Porque era isto que Ikki tentava expor, ou justificar, a Seiya neste momento ao lado, durante a batalha de ambos – antes da chegada de Misty.

Volume nacional número 8, página 84.

Como podem reparar bem a seguir, as semelhanças são enormes. É grande a possibilidade desse clássico dos anos 60 ter inspirado, de relance, Kurumada nesse momento. Ainda mais, considerando todo o contexto que tentei expor.

p.s. De fato o filme é um marco, e mais alusões desse tipo em outras obras são facilmente encontradas, como você pode ver aqui e eu nem precisarei explicar de que série animada falo…

p.p.s. Agradecimentos ao Allan e ao Thargow, que me ajudaram a relembrar o nome do filme e a encontrar imagens. Obrigado. E não percam as próximas referências cinematográficas de Saint Seiya (sei de, no mínimo, mais três).