Matéria produzida por:
Dayton – diegocasanovan@hotmail.com

Traduzida por:
Michael Serra

O DEUS POR DETRÁS DE IKKI 

Por detrás de Ikki vemos aparecer em três ocasiões no anime um personagem um tanto quanto estranho e peculiar chamado Misshaku Kongô (ou Agyo).

Tem por origem a Índia, o berço do budismo e em sanscrito é nomeado como Vajrapani (ou Vajradara) que significa “aquele que sustenta o raio”. Vajrapani é o encarregado por todos os tantras. No Japão ganha um status plural, passando a ser conhecidos como Niô (Reis Benévolos), como divindades budistas guardiães Kongôjin (Deuses Fortes), e como Kongô Rikishi. Usualmente aparecem como guardas armados à porta de templos budistas japoneses que os protegem dos males. E assim são chamados tradicionalmente Misshaku Kongô e Naraen Kongô.

 

 

A imagem acima é a mesma que aparece por detrás de Ikki quando este se encontra lutando contra Shaka na Casa de Virgem. O monumento se posta na entrada do templo Todai-ji na cidade de Kyoto, mas precisamente em seu portão sul. Misshaku é o que aparece à esquerda com a boca aberta levando um raio em sua mão direita, estando Naraen obviamente a direita portando um sabre em sua mão esquerda. Estas estátuas dos Kongo Rikishi foram construídas no período Kamakura por volta do século XIII e foram talhadas por Unkei e Kaikei com altura aproximada de 8 metros (fiuuu) em pura madeira.

 

 

A mesma figura aparece no capítulo em que a Fênix renasce contra o Cavaleiro do Fogo e também no Torneio Galáctico.

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Mais especificamente esses trechos poderiam ser retratos de uma das estátuas que estão postadas em Sugimoto Dera, na cidade de Kamakura (como vemos abaixo) e que protegem o tesouro principal do templo, uma estátua da deusa da misericórdia do budismo japonês, Kwannon que data, em seu templo, do nono século depois de Cristo.

 

 

No mangá sua única aparição parece retratar a estátua do templo Sanjusangendo, da cidade de Kyoto que foi confeccionada no século XII, também elaborada em madeira medindo cerca de 1,80 m:

 

Diz-se que os Niô haviam seguido e protegido Buda quando este viajou por toda a Índia. A figura de boca aberta (Misshaku) também se chama Agyo, que significa “nascimento”. E seu companheiro de boca fechada, por oposição, recebe o nome de “Ungyo” e significa “morte” e “abrigos dos bons espíritos”.

Outras descrições de ambos válidas são que Misshaku representa a energia ardente, cerrando os dentes e levantando seu punho em ação, enquanto Naraen representa a força latente, com a boca rija e esperando com seus braços retesados, mas abaixados. 

Isto se encaixa perfeitamente com o enredo de Saint Seiya se pensarmos Ikki como Misshaku, com esta posição de ataque e com esta energia ardente e com Shun, com muita energia potencial, latente, mas que nunca esta disposto a lutar, sempre com os braços abaixados.

Em um outro mito japonês derivado desta história se dizia: “Havia uma vez um rei que tinha duas esposas. Sua primeira esposa deu a luz mil crianças que decidiram todas se tornarem monges e seguir as leis de Buda. Sua segunda esposa teve somente dois filhos. O mais jovem se chamava Non-o e ajudou seus irmãos em seu ascetismo. O maior, Kongorikishi, tinha uma personalidade muito mais agressiva. Ele jurou proteger a Buda e a seus adoradores lutando contra o mal e a ignorância. Kongorikishi foi o primeiro dos reis divinos chamados Niô (ou Kongô). O segundo se chamava Shukongoshin. Dentro das tradições geralmente pacifistas do Budismo, as histórias dos Guardiães Niô, como a de Kongoriskishi, justificaram o uso da força física para proteger os valores e crenças contra o mal”.

Ikki assim representaria o irmão maior (Kongorikishi), muito mais agressivo sendo. E Shukongoshin representaria o irmão menor, Shun, pacífico e que não gosta de lutar.

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