Texto produzido por:
Michael Serra
Fontes:
BLAVATSKY, H.P. The Book of Dyzan, in Sacred-Texts.
BLAVATSKY, H.P. The Secret Doctrine, in Sacred-Texts.
DONNELLY, Ignatius. Atlantis, The Antidiluvian World, in Sacred-Texts.
DONNELLY, Ignatius. Ragnarok: The Age of Fire and Gravel, in Sacred-Texts.
HESÍODO, Teogonia. Editora Iluminuras.
HESÍODO, O Trabalho e os Dias. Editora Iluminuras.
PLATÂO. Crítias, in Sacred-Texts.
SCHILIEMANN, Paul. How I Found the Lost Atlantis, The Source of All Civilization, in Sacred-Texts.
SCOTT-ELLIOT, William. The Lost Lemuria, in Sacred-Texts.
SCOTT-ELLIOT, William. The Story of Atlantis, in Sacred-Texts.
Wikipedia – en.wikipedia.org.
CONTINENTES PERDIDOS
Em Saint Seiya temos alusões a dois míticos continentes antigos. Aqui tentaremos abordar toda simbologia envolvida, inclusive no campo da ciência, pois a lembrança destas lendas influenciou até mesmo os cientistas na nomenclatura de seus trabalhos.
Ao lermos o título já nos vêm à mente: Atlântida e Lemúria, nada mais natural. A origem destes dois continentes, ou mitos, remontam à Platão – o primeiro – e aos estudos geológicos do fim do século XIX – o segundo. Tal campo de pesquisa evoluiu muito desde então, mas comecemos primeiro pelo mito.
Helenismo
Let me begin by observing first of all, that nine thousand was the sum of years which had elapsed since the war which was said to have taken place between those who dwelt outside the Pillars of Heracles and all who dwelt within them; this war I am going to describe. Of the combatants on the one side, the city of Athens was reported to have been the leader and to have fought out the war; the combatants on the other side were commanded by the kings of Atlantis, which, as was saying, was an island greater in extent than Libya and Asia, and when afterwards sunk by an earthquake, became an impassable barrier of mud to voyagers sailing from hence to any part of the ocean. |
Deixe-me, antes de tudo, começar observando que nove mil anos era a soma de anos que já se passou desde a guerra que é dita que acontecera entre estes dois lados à fora dos Pilares de Hércules; esta guerra eu vou descrever. Dos combatentes de um lado, a cidade de Atenas foi clamada a ser sua líder e lutar à frente da guerra; os combatentes do outro lado foram comandados pelos rei de Atlântida que, como estava dizendo, era uma ilha maior em extensão que a Líbia e a Ásia [na época os gregos somente consideravam Ásia a península da Anatólia, atual Turquia, n/t] e depois que afundaram por um terremoto tornou-se, conseqüentemente, uma barreira intransitável de lama a navegantes que lá velejavam de e para qualquer parte do oceano.
Platão. Crítias. |
‘Crítias’, este ‘diálogo’ retratado por Platão entre Sócrates, Timeus, Harpócrates e Crítias, remonta à 360 a.C. Nesta obra se encontra o mito original e como observara o estudioso John Alego: “Antes de Platão há silêncio, após, ecos”, sim, depois do clássico somente interpretações e conjecturas de inúmeros autores, muitos dos quais fantasiosos e simples novelistas.
Fala Crítias que o primeiro homem a habitar Atlântida fora Evenor, junto de sua esposa Leucippe. Desta união nascera Cleito, a qual Poseidon viera a se apaixonar. Ambos ‘construíram’ todo o continente e ao fim tiveram cinco pares de crianças, todo homens. O primogênito fora chamado de Atlas[que não era aquele titã da Teogonia que carregava o mundo nas costas – toda vida, a origem do nome é a mesma. Herdada também pelos Montes Atlas, no norte da África e nas proximidades dos Pilares de Hércules, Gibraltar. Estes montes possuem esse nome pois acreditava-se que além deles (e dos pilares) no oceano era a morada de Atlas, ou seja, Atlântida], e assim toda e a terra e todo o mar recebeu seu nome. Seu irmão gêmeo, chamado Eumelus em grego, herdara todo o promontório defronte os Pilares de Hércules, recebendo então também seu nome em língua atlante, Gadeirus ou Gades. Os demais nascidos foram Ampheres e Evemon, Mneseus e Autocton, Elasippus e Mestor, Azaes e Diaprepes. Todos estes tornaram-se grandes reis de grandes terras da Atlântida.
For because of the greatness of their empire many things were brought to them from foreign countries, and the island itself provided most of what was required by them for the uses of life. In the first place, they dug out of the earth whatever was to be found there, solid as well as fusile, and that which is now only a name and was then something more than a name, orichalcum, was dug out of the earth in many parts of the island, being more precious in those days than anything except gold. |
Por causa da grandeza do seu Império muitas coisas foram trazidas a eles por países estrangeiros, e a própria ilha provia a maior parte dos recursos que era preciso no cotidiano. Em primeiro lugar, eles escavaram toda a terra encontrando de tudo que se podia achar lá, tanto sólido quanto em fusão, e aquilo que agora é só um nome, mas que até então era algo muito a mais que um nome, oricalco, que era escavado em muitas partes da ilha, sendo mais precioso que tudo de hoje em dia, menos ouro.
Platão. Crítias. |
No relato Platão continuava a descrever os pormenores do continente, como vegetação, animais, construções, sempre em termos genéricos, até a descrição da Cidade e do Palácio Real, que ficava em uma ilha circular rodeada por outras duas ilhas menores, também circulares e intervazadas por canais de água, ou seja, era como se fosse um grande e belo ‘alvo’.
(imagem do pretensioso “How I Found the Lost Atlantis, The Source of All Civilization” do Dr. Paul Schliemann, datado de 1912).
‘Crítias’ termina de modo abrupto quando ressaltava a decadência de Atlântida e sua eventual derrota para os helenos. Presumivelmente o restante do texto foi perdido.
Atlântida então entrou no limbo do esquecimento do conhecimento ocidental por centenas de anos até ter seu mito resgatado por Ignatius Donnelly em dois livros do fim do século XIX, ‘Atlantis, the Antidiluvian World’, de 1882 e ‘Ragnarok: The Age of Fire and Gravel’, de 1883, talvez motivado pelo grande avanço científico nos campos da biologia, botânica e geologia. Apesar de muitas informações, tanto míticas quanto científicas, errôneas, resgatou Atlântida à moda iniciando uma nova febre que influenciaria autores novelistas, mas também filósofos mais renomados e qualificados, entre eles Helena Blavatsky, fundadora da Teosofia.
Teosofia
(outras filosofias modernas também incorporam certas teorias aqui citadas, tais como os rosa-cruzes, thelema, maçons, etc).
No segundo volume da Doutrina Secreta, livro de Blavatsky, é retratada a antropogênese teosófica, onde não é citada somente a evolução humana animal, mas exposta desde a criação da terra e sua concepção elemental e espiritual. Atlântida assim teria sido berço da 4ª Raça Raíz da humanidade. Raça-Raiz? O.K., vamos do princípio…
Para a teosofia matéria é espírito cristalizado, logo tudo possuí espírito. Como o homem evoluiu da matéria da terra, seu espírito esteve sempre presente desde a formação do planeta, contudo habitando ‘veículos’ diferentes e possuindo distintos dons através das eras e evoluções – todas estas guiadas por seres espirituais mais altos, presentes em todas as mitologias (anjos, deuses, etc…) – e estas eras seriam sete ao todo, desde o presente até a evolução final futura. E cada era seria subdividida em 7 tempos, de 7 ‘sub-raças’. Estaríamos então ainda vivendo a 5ª Era sob o apogeu da 5ª sub-raça Ariana, a Teutônica-Anglo-Saxônica e com o desenvolvimento não completo ainda dos Eslavos.
Para determinar tal quadro a Teosofia tomou como base o Book of Dyzan (supostamente herança Lemuriana, transcrito por Blavatsky em 1888), o Rig Veda e o Vishnu Purana, antigos manuscritos em sânscrito (os mais antigos exemplares do ramo indo-ariano). Diz o Vishnu Purana que a Grande Era, Maha Yuga, é composta de 12.000 anos divinos ou 4.320.000.000 de anos mortais divididas da seguinte forma: Krita Yuga 4.800 anos divinos ou 1.728.000.000 anos mortais. Treta Yuga 3.600 anos divinos ou 1.296.000.000 anos mortais. Dwápara Yuga 2.400 anos divinos ou 864.000.000 anos mortais. Kali Yuga 1.200 anos divinos ou 432.000.000 anos mortais. Assim temos um número aproximado com a data de formação da terra, há cerca de 4.600.000.000 de anos. Cada raça-raiz teve um ponto de origem específico, um continente, sendo suas nomenclaturas representantes disto. Os Polarianos habitaram as massas continentais que até então somente existiam no Pólo Sul – Polária. Sua existência era etérea em um Reino Mineral. A ‘humanidade’ havia sido dotada de um corpo denso como instrumento de ação de ‘seus criadores’. Como era uma raça astral não deixou vestígios. Cientificamente (ver capítulo da ciência mais abaixo) seu continente é identificado |
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como o mais antigo de todos, o chamado Ur, que elevara-se exatamente no Pólo Sul por volta de 3 bilhões de anos atrás.
Os Hiperbóreos (Terra além de Bóreas, o norte) tiveram como locação o continente que faz jus ao seu nome no Ártico, Hiperbória. Sua existência era espiritual em um Reino Vegetal, ou seja, os hiperbóreos adquirem um corpo vital para dar poder de moção necessária a ação. Em termos científicos seu continente é identificado com a Ártica, segunda massa de terra que se erguera na Terra por volta de 2,5 bilhões de anos atrás.
“Such was the name given by the oldest Greeks to the far-off and mysterious region, whither their tradition made Apollo the “Hyperborean” travel every year. Astronomically, Apollo is of course the Sun, who, abandoning his Hellenic sanctuaries, loved to visit annually his far-away country, where the Sun was said never to set for one half of the year. [[Eggus gar nuktos te kai ematos eisi keleuthoi]], says a verse in the Odyssey (x. 86).”. |
Tal era o nome dado pelos gregos mais antigos à região distante e misteriosa, onde dizia sua tradição que Apolo fazia a viagem “Hiperbórea” todos os anos. Astronomicamente, o Apolo é, obviamente, o Sol que, abandonando os seus santuários helenos, amava visitar anualmente o seu pais distante onde era dito que o Sol nunca se punha por metade do ano. [[Eggus gar nuktos te kai ematos eisi keleuthoi]], diz um verso na Odisséia (x. 86).
Blavatsky. A Doutrina Secreta. |
Obviamente o fato citado se referia ao Sol da Meia-Noite, tão comum no Ártico.
Os Lemurianos tomaram uma existência carnal em um Reino Animal. Adquiriram um corpo com desejos e instintos para incentivar à ação. Não possuíam comunicação por fala, somente telepatia. Originalmente também não possuíam os olhos nem ouvidos – mas sim dois órgãos sensíveis a luz, representados pela tradição e também em Saint Seiya por aquelas duas ‘pintas’ que Mu e Kiki possuem na testa. Todavia, as suas percepções se concentravam naquilo que deu origem à lenda do ‘terceiro olho’ e que hoje é um resíduo da evolução humana, a glândula pineal. Tinham entre 4 e 4,5 metros de altura. Suas 7 sub-raças apresentam características evolutivas distintas. Nesta raça houve a dissociação dos humanóides dos antropóides. Diz o Livro de Dyzan que pela dissociação dos sextos surgiram seres monstruosos que, ao fim, deram origem aos macacos, etc. Neste momento também que a humanidade passou a se reconhecer como indivíduos distintos.
The third Continent, we propose to call “Lemuria.” The name is an invention, or an idea, of Mr. P. L. Sclater, who asserted, between 1850 and 1860, on zoological grounds the actual existence, in prehistoric times, of a Continent which he showed to have extended from Madagascar to Ceylon and Sumatra. It included some portions of what is now Africa; but otherwise this gigantic Continent, which stretched from the Indian ocean to Australia, has now wholly disappeared beneath the waters of the Pacific, leaving here and there only some of its highland tops which are now islands. |
O terceiro Continente, nós propomos chamar “Lemuria.” O nome é uma invenção, ou uma idéia, do Sr. P. L. Sclater que afirmou entre 1850 e 1860, em campos zoológicos, a existência em tempos pré-históricos de um Continente que ele mostrou ser estendido de Madagascar à Ceilão e Sumatra. Incluiu algumas porções do que é agora a África; mas, todo modo, este Continente gigantesco estirado do Oceano Índico à Austrália desapareceu agora completamente em baixo das águas do Pacífico, deixando somente aqui e ali alguns altiplanos que são agora ilhas.
Blavatsky. A Doutrina Secreta. |
Lemúria foi melhor abordada e discutida em ‘The Lost Lemuria’ de William Scott-Elliot (1904), autor também teosófico. Ele elaborara os primeiros mapas de tal continente:
(scans de www.sacred-texts.com).
*Vermelho terras lemurianas. Azul antigas terras Hiperbóreas (Ártica, Báltica e Sibéria). As Terras de Ur, Polária, já não mais existiam.
Note que a Groenlândia, o Báltico e a Sibéria, já formados, são os territórios mais antigos da Terra (cientificamente aceito).
Vemos assim que então Lemúria, ao princípio, não era o que popularmente se diz, ‘um continente no Oceano Índico entre a África e a Austrália’, até por que não haviam ainda África, nem Austrália, muito menos o Índico.
Geologicamente falando, Lemúria é identificada como Gondwana, ou Gondwanaland. Que se fragmentara por volta do fim do período Cretáceo (70 milhões de anos atrás). O que restara de seus territórios formou a África, a América do Sul e a Oceania.
Em “The Story of Atlantis”, de 1896, Scott-Elliot aprofundara-se na 4ª Raíz presente no continente de Atlântida. Os atlantes enfim tomaram uma existência mental, criando o Reino Humano. Sua primeira sub-raça, a Rmoahal foi a primeira a dar nomes às coisas e possuir uma linguagem rude por cordas vocais. Surgiram a 7 graus de latitude norte e a 5 graus de latitude sul, onde atualmente se encontraria a Nigéria. Era uma raça escura com altura variante entre 3 e 3,5 metros. Com o tempo migraram para a costa sul do continente atlante onde freqüentemente entravam em confronto com antigos povos da sexta e sétima sub-raça lemuriana – e também assim se misturaram com eles.
Mapas Atlantes de Scott-Elliot
Entre 1 milhão e 800 mil anos atrás. Entre 800 mil e 200 mil anos atrás.
Entre 200 mil e 80 mil anos atrás. Entre 80 mil e 11 mil anos atrás.
(scans de www.sacred-texts.com)
Em vermelho territórios de formação temporal idêntica a atlante. Em verde territórios de outras eras (hiperbóreas e lemurianas).
Como vemos o que chamamos de Atlântida era somente uma parte daqueles novos territórios em formação – justamente aquela resguardada pela lenda grega, a ilha de Posidônia que somente caíra por volta de 9500 a.C, que de acordo com os teosofistas, é a data do “Dilúvio”, o último de uma série de quatro grandes cataclismos que abalaram o continente atlântico desde seu ‘estabelecimento’ – o primeiro fora por volta de 800 mil anos atrás (que separara a Atlântida da América), o segundo a cerca de 200 mil anos (que dividira o continente em duas porções, Ruta e Daitya) e o terceiro aproximadamente há 80 mil anos (que trouxe abaixo a parte sul, Daitya).
Entre o primeiro e o segundo cataclismos surgiu a 2ª sub-raça atlante, a Tlavatli, que de acordo com a Sociedade Teosófica apareceu pela primeira vez perto de uma ilha na costa oeste de Atlântida (assim, às margens da América também). Era um povo de menor estatura e pele marrom-avermelhada que logo se espalhara por todo o continente e regiões vizinhas. Foram os primeiros a ter noção de realeza e ambições pessoais. Crê-se que os índios americanos são seus descendentes – combinados claramente com os vindouros mongóis).
No mesmo período a 3ª sub-raça, a Tolteca, surgiu no continente à 30º de latitude norte. Tal raça estabeleceu a monarquia e a hereditariedade como valores, além de darem origem as nações. Foi a mais portentosa raça atlante. Sua pele era muito mais vermelha que a dos Tlavatlis. Tornaram-se a elite continental e construíram a ‘Cidade dos Portões Dourados’ (Manoa – Alguns Teosóficos mais entusiastas dizem ser um antigo reino de Manaus, devido a sua localização e lendas de tribos amazônicas), no leste. Os incas são descendentes diretos desta raça, assim como os Toltecas secundários, aqueles que foram extintos pelos Astecas no México.
Próximo já do segundo cataclismo surgiram a 4ª sub-raça, a Turânia Original, que diz a filosofia teosófica que deturpou-se com reis opressores que se proclamavam deuses, com idolatras e com o uso da magia negra; e a 5ª sub-raça, a Semita original, ramo que dera origem a 5ª Raça Raiz, a Ariana. Com o entorpecimento humano e declínio Tolteca parece que o grande terremoto de 200 mil anos atrás veio como ‘castigo’, diz a lenda.
Então, entre o segundo e o terceiro abalo, surgiram a 6ª e 7ª sub-raças atlantes, os Acadianos e os Mongóis (os primeiros deram origem ao famoso Império Acadiano, na Mesopotâmia e a Civilização de Harappa, no Vale do Indus – as duas destruídas posteriormente por Arianos; os últimos, diz a teosofia, na verdade nunca pisaram em território atlante, sendo herdeiros de colônias turanianas e acadianas na Tartária à 63º de latitude norte e 140º de longitude leste).
Os Acadianos a partir de então governaram por toda Atlântida até Daitya sumir do mapa, quando os Semitas Originais subiram ao poder e do qual somente são retirados com a queda de Posidônia e conseqüente imigração para outros continentes. Dos acadianos nada mais resta pois foram completamente extintos. Os mongóis deram origem as etnias mongolóides, sino-tibetanas, indo-polinésias, paleo-asiáticas e coreo-nipônicas, mesclando-se também aos indígenas das Américas. |
The Greek allegories give to Atlas, or Atlantis, seven daughters (seven sub-races), whose respective names are Maia, Electra, Taygeta, Asterope, Merope, Alcyone, and Celaeno. This ethnologically, as they are credited with having married gods and with having become the mothers of famous heroes, the founders of many nations and cities.
As alegorias gregas dão a Atlas, ou Atlantis, sete filhas (sete sub-raças), seus respectivos nomes são Maia, Electra, Taigete, Estérope, Mérope, Alcione e Celeno. Isto etnologicamente, como elas foram creditadas tendo contraído matrimônio com deuses e se tornando mães de famosos heróis, fundadores de muitas nações e cidades.
Blavatsky. A Doutrina Secreta. |
Da migração dos Semitas Originais veio a 5ª Raça Raiz, a Ariana, iniciando uma nova era cuja história é bem recente e devidamente registrada por inúmeros eventos, assim não precisando de maior abordagem neste artigo.
Na curiosa citação acima vemos a alusão do mito grego das plêiades como sendo as tais sub-raças atlantes. Não é a única, a autora também comenta a Teogonia é puramente alusão as grandes raças e seus governantes: Quando somente havia Gaia, a terra, a humanidade em estado bruto, mineral e espiritual, vivia em Polária. Quando de Gaia surge Urano e este se torna o Rei sobre a Terra a humanidade já em vida, embora vegetal, vivia em Hiperbória. Quando Cronos (Saturno) ergue sua foice contra seu pai a humanidade vivia em Lemúria em estado animal. Quando Zeus repete o feito de seu pai a humanidade agora andava enfim como ‘homem’ por toda Atlântida. Mesmo marco da criação do ‘homem’ grego do mito de Prometeu. Quando por fim Zeus recolhe-se ao Olimpo e a Terra é desmistificada (ou como em Saint Seiya, Atena herda seu reino) a humanidade enfim vive pelos modernos continentes sob liderança Ariana.
Algo muito parecido é identificado em outra obra de Hesíodo, “O Trabalho e os Dias”, onde ele também cita cinco raças e períodos da humanidade. A Raça de Ouro, a Raça de Prata, a Raça de Bronze, a Raça de Heróis, e a Raça de Ferro.
Na Idade de Ouro os homens eram imortais (tão qual, de acordo com a teosofia, também nem eram vivos, eram espíritos minerais – Era Polariana). Na Idade de Prata surgiram homens mortais (agora sim vivos, ao passo que vegetais, de acordo com a teosofia) que habitaram junto aos primeiros, contudo estes na maturidade padeciam de dores em sua ‘hybris‘ ao passo que os deuses tiveram que os prender sobre a Terra, são os Hipoctônicos. (Clara, absolutamente clara alusão a vegetais, não? – Era Hiperbórea) Na Idade de Bronze outros homens mortais surgiram, estes guerreiros, hábeis, ágeis, que digladiavam-se entre si tal como animais (preciso falar mais alguma coisa, para contrapor à teoria teosófica? Não, mas direi que os ciclopes são exemplos marcantes desta fase, pois representam o ‘terceiro-olho’ – Era Lemuriana). Eis então que surgem os homens heróis, quase divinos, que lutaram ao lado dos deuses, e etc… Parece uma boa comparação ao período zênite da cultura antiga – Era Atlântica. Por fim, a Idade do Ferro, a qual nós muito bem nos encaixamos – Era Ariana.
Assim é o esboço do pensamento da Sociedade Teosófica.
Geologia
Agora vamos a visão da ciência.
(ilustrações de Julia Bryan para o artigo “The Choreography of Continents” de
Elizabeth Zubritksy presente na revista eletrônica Endeavor’s).
Com a solidificação da crosta terrestre por volta de 3 bilhões de anos atrás surge o primeiro ‘continente’ ao que tudo indica nas proximidades do Pólo Sul, o qual a ciência nomeou de Ur (Dos quais poucos territórios ainda permanecem até hoje, como Madagascar, parte da Índia e Austrália e diminuta porção da África). 500 milhões de anos depois ergue-se a chamada Ártica, no pólo oposto. Imediatos 50 milhões de anos depois novas placas continentais são elevadas unindo-se à Ártica e formando Kenorland. Outros 500 milhões de anos passados e são erigidos os continentes da Báltica também ao norte, e Atlântica, ao sul.
Cerca de 1,8 bilhão de anos atrás um supercontinente é formado unindo Báltica, Atlântica e recentes territórios erigidos, é então nomeado Columbia ou Nuna. Onde a costa leste da Índia era agrupada ao oeste dos Estados Unidos. O sul da Austrália ligado ao oeste canadense, e o Brasil chocava-se com a costa leste norte-americana formando um promontório em direção à Escandinávia. Trezentos milhões de anos depois Columbia se fragmenta em muitos continentes, entre os quais Nena (abreviação de North Europa & Norte America).
Todos estes, por volta de 1 bilhão de anos atrás (ou 1,3), agruparam-se na primeira Pangéia da história, chamada Rodínia (do russo ‘terra natal’). Ao redor de 750 milhões de anos atrás esta primeira pangéia é desfeita, formando os continentes Proto-Gondwana, Proto-Laurásia, e o Congo. Entre eles havia o Oceano Proto-Tétis. A Proto-Laurásia dividiu-se surgindo o Oceano de Japetos entre Laurência e os agora independentes territórios da Báltica, Sibéria (com os territórios do Sul e Norte da China), e o Rio da Prata e a Amazônia (antigos territórios da Atlântica). E com o distanciamento da Proto-Gondwana (que movia-se rumo ao Sul, como a ex-Atlântica) da Laurência (que rumava ao Norte, como a Sibéria e a Báltica) formou-se o Paleo-Pacífico, o Pacífico Antigo. (Na margem oposta estava o Oceano Khanty. Em mais ou menos 600 milhões de anos atrás quase toda Proto-Gondwana une-se à Báltica, Rio da Prata e Amazônia formando o supercontinente de Panótia, ficando de fora somente o aglomerado Austrália-Leste da Antártida. Por volta de 550 milhões de anos atrás o mundo se |
apresentava da forma como vista nesta imagem ao lado. A Panótia não dura muito, inúmeros cataclismos a abatem. Já em 540 milhões de anos atrás ela se desintegra em inúmeros sub-continentes (na figura ao lado representados), que ao todo é denominado Gondwana, ou Gondwanaland (agora já incorporados também a Austrália e Leste da Antártida. Mais ou menos há 500 milhões de anos atrás a Laurência já estava na Linha do Equador, com o Oceano Pantalássico ao norte, o Paleo-Pacífico a oeste, o Japetos ao sul e o Khanty a leste. 480 milhões de anos atrás, Avalonia rompe-se de Gondwana (parte da Amazônia) e começa sua jornada rumo a Laurência, a qual se chocará em aproximadamente 40 milhões de anos. Algum tempo antes disto a Báltica já havia se chocado a Laurência. Todos estes juntos formam a Euramérica, ou Laurússia, fechando o Oceano de Japeto, e deixando ao sul o recém formado Oceano Rheic. Esta é a primeira etapa da Formação da Pangéia Clássica. A outra etapa é a colisão de Gondwana com a Euroamérica, que começara quando territórios que hoje seriam a Europa sulista se |
desprenderam de Gondwana (onde seria o Oeste da África) e atravessando o meridional Oceano Rheic, colidindo com a Euroamérica na região sul da Báltica há mais ou menos 400 milhões de anos. 20 milhões de anos depois o Sul da China também desprendeu-se da Sibéria rumo a Euroamérica pela direção norte no Oceano Paleo-Tétis e a América do Sul, deslocada de Gondwana, pelo Oceano de Japeto caminhava ao mesmo destino, só que a sudeste do novo continente fechando o Oceano Rheic.
Restara a Gondwana agora somente Índia, Antártida e Austrália. Sibéria choca-se Norte da China e com a Cazaquistânia, enfim agrupando-se com a Euroamérica, fechando o Mar de Ural e formando os Montes Urais há 320 milhões de anos. Por fim, há 250 milhões de anos o restante da Gondwana se une a Euramérica, completando a formação da Pangéia, rodeada pelo Oceano Pantalássico e no golfo pelo Oceano de Tétis.
A Pangéia perdurou até 200 milhões de anos atrás quando se dividiu em Laurásia (América do Norte, Europa e Ásia) e Gondwana (América do Sul, África – com Arábia, Índia, Antártida e Austrália).
Entre 140 e 50 milhões de anos atrás a Laurásia se divide em Eurásia e América do Norte. Entre 50 e 40 milhões de anos atrás a Índia colide com a Eurásia, assim como a África e Arábia – Forma-se a Eurafrásia, que perdura até hoje. Nos dez milhões de anos vindouros a América do Sul, Antártida e Austrália tomam suas posições atuais – esta última, na Idade do Gelo era ligada a Polinésia, assim chamada então de Sahul. |
Hoje, esta é a configuração tectônica da Terra. A movimentação de suas placas é a responsável tanto pela ereção quanto pelo declínio dos continentes ao longo das eras:
Quadro Comparativo Conclusivo
Obviamente as datas mitológicas, tanto as referentes a Platão quanto as Teosóficas, não acertam com as definidas geologicamente. Todo modo suas aplicações teóricas são bem sim semelhantes, conforme alusões já citadas. Manteremos aqui as datas científicas com as atribuições míticas em comparação.
Era Científica | Termo Científico | Termo Mítico | Povo Mítico | Era Mítica |
Mesoarqueana (3 bilhões a.C.) | Ur | Polária | Raça Polariana | Idade de Ouro |
Paleo-proteozóica Sideriana (2,5 bi a.C) | Ártica | Hiperbória | Raça Hiperbórea | Idade de Prata |
Paleozóica Cambriana (540 milhões a.C) | Gondwana | Lemúria | Raça Lemuriana | Idade de Bronze |
Paleozóica Ordoviciana (480 milhões a.C) | Avalonia | Atlântida ? | Raça Atlante | Idade dos Heróis |
Cenozóica Neocena Pleistocena (1 milhão a.C). | ? | Atlântida | Raça Atlante | Idade dos Heróis |
Cenozóica Paleocena Eocena (50 milhões a.C). | Eurafrásia | Aria | Raça Ariana | Idade de Ferro |
*A Atlântica científica pouco tem em comum com a mítica pela sucessão de acontecimentos, sendo sua nomenclatura somente inspirada nos mitos antigos. A Atlântida Platônica é muito recente na escala geológica, não havendo prova real alguma de sua existência. Embora alguns defendam que Açores, Madeira e as Bermudas sejam os cumes de antigas montanhas atlantes (todavia estudiosos de arqueologia e antropologia, irrelevantes a meu ver, apontam Atlântida a inúmeros lugares, desde Bangladesh até mesmo o Mediterrâneo – veja artigo na wikipedia)
Esta classificação em Raça de Ouro, Raça de Prata, Raça de Bronze, Raça de Heróis e Raça de Ferro se encaixa também nas Vestimentas Sagradas dos Cavaleiros. Ouro, Prata, Bronze e Aço já foram usados na série. Talvez o termo Herói se refira aos Soldados do Santuário ou uma nova classificação futura. Quem sabe…?
Nossa! Dá até medo imaginar isso tudo projetando para daqui mais alguns bilhões de anos (se é que o mundo aguenta rs).
Artigo muito bem escrito e com ótimas ilustrações. CDZ também é cultura rs.