Matéria Desenvolvida por:
Michael Serra

Colaboração
:

Guilherme Coutinho
Fontes:
Astro.it

Historical Celestial Atlases on the Web
History & Science
Linda Hall Library of Science
Nox Oculis
Star Tales
The Free Dictionary, by Farlex
Wikipedia

A Evolução das Constelações
(para melhor compreensão do significado e tradução das constelações apresentadas vide esta matéria: lista de constelações)

A origem das constelações está vinculada ao simples ato de olhar para o céu e imaginar desenhos juntando os inúmeros pontos brilhantes. Com o tempo e o avanço científico passaram a associar as estrelas aos ciclos temporais e estações. Disto nasceriam duas ciências, a Astronomia e a Astrologia. Os mais antigos resquícios que temos de dados deste tipo são de origem grega, embora os chineses já tivessem desenvolvido seu próprio e peculiar estudo das estrelas. O primeiro ‘astrônomo’ a citar constelações foi o poeta grego Aristarco. Contudo suas constelações tinham coordenadas que não combinavam com a latitude local de observação, dando a entender que este primitivo mapa estelar fora importado de outra civilização, mais precisamente alguma de 35° N, e a única que havia existido neste ponto até então era a dos Mesopotâmios. 

Tudo leva a crer que estas constelações antigas estavam relacionadas a mitos locais que foram absorvidos pela civilização minóica e postumamente resultando nos mitos e tradições helênicas. Fato que demonstra isto é que, os babilônicos possuíam alto conhecimento astrológico para determinar seu calendário e controlar as vazantes e enchentes dos Rios Tigres e Eufrates, assim as constelações que brilhavam ao centro da noite na época das chuvas e inundações eram justamente as com nomes relacionados a mitos que envolviam a ‘água’. Esta herança é comprovada na família de constelações ‘aquáticas’ gregas por assim dizer, que dominam o céu noturno na época das chuvas (as constelações de Capricórnio, Aquário, Peixes e Baleia, ‘geograficamente’ muito próximas).

Deste modo, praticamente todas as constelações de origem greco-babilônica se encaixam em grupos familiares, o qual o mais famoso é o da Lenda de Perseu (Constelações de Cassiopéia, Cefeu, Andrômeda, Pégaso, Perseu e Baleia). 

FAMÍLIAS DE CONSTELAÇÕES *

Cíclo de Perseu Ciclo de Hércules Cíclo de Órion Cíclo de Jasão * Cíclo de Calisto
 Esposa (Andrômeda).  Os 12 Trabalhos (Touro,
Leão, Hidra, Câncer,
Dragão).
 Inimigo mortal instigado
por Artêmis (Escorpião).
 Cástor e Polux,
argonautas (Gêmeos). 
 Calisto transformada em
Urso (Ursa Maior). 
 Monstro que ameaçava
Andrômeda (Baleia). 
 Ao nascer matou uma
serpente com os punhos
(Serpente, Ofíuco). 
 Os cães de caça de
Órion (Maior, Menor).
 Animal que salva Orfeu
no mar (Golfinho). 
 Cinosura transformada
em Urso (Ursa Menor). 
 Pai de Andrômeda
(Cefeu).
 Tutor (Centauro).  A casta Artêmis
(Virgem).
 Instrumento musical de
Orfeu (Lira). 
 Arcas, filho de Calisto, o
Arctofilax “Guardião do
Ártico” (Boieiro).
 Mãe de Andrômeda
(Cassiopéia).
 Combate com centauros
arqueiros: (Flecha,
Sagitário). 
 A casta Artêmis
(Virgem).
 O Tosão de Ouro,
Crisómago (Áries). 
 Os cães de Arcas (Cães
de Caça). 
 Cavalo Alado tomado
por Perseu (Pégaso).
   Combate para imolação.
(Touro). 
 A embarcação dos
argonautas, Nave Argos
(Carina, Vela e Popa). 
  
 Monstro eliminado por
Perseu: (Medusa, ext.)
 Hele, salva por Áries,
metamorfoseada
(Capricórnio). 
   Dragão da Cólquida que
guardava o Tosão
(Dragão).

 

* Completando a lista de constelações clássicas em famílias, poderíamos dizer que existe também o Ciclo de Zeus, com as constelações de Aquário (Ganimedes, o copeiro do Olimpo e amado por Zeus), Cisne (metamorfoseado para a conquista de Leda), Auriga (Ericteu, inventor da quádriga e rei de Atenas, guardião da cabra Amaltéia, que alimentou Zeus quando pequeno, em sua velhice) Peixes (Afrodite e Eros metamorfoseados a fugirem do combate entre Zeus e Tífon). Coroa Boreal (Dionísio presenteou Ariadne com esta coroa, quando a portadora faleceu Zeus pôs a coroa no firmamento), e Triângulo, símbolo do Monte Olimpo. As demais (todas no hemisfério sul) não parecem formar uma família, nem por sua mitologia, nem por singularidades astronômicas. 

Todavia, a única que parece destoante entre as 48 constelações antigas é Libra, entre os gregos tal asterísmo era conhecido por chelae, ou seja, garras do escorpião. Certamente esta constelação é de autonomia recente, digo, recente para a época em que Ptolomeu elaborou seu catálogo. Lembremos que o autor era romano, assim parece que Libra surge de sua constelação vizinha bem tardiamente, Virgem, a qual era vista por aquele povo como uma representação da deusa da justiça que portava justamente uma balança.
 

Na Antigüidade… 

  

A mais antiga ‘carta’ celestial foi encontrada em Nínive, na Mesopotâmia, sendo somente um planisfério confeccionado em argila com uma ou duas constelações e com suas príncipais estrelas (atualmente Pégaso). Outra tábua, chamada “Mul-Apin”, revela 66 constelações contendo, inclusive, o primeiro zodíaco, aliás, continha não somente o zodíaco solar (36 constelações), mas também o lunar (18 constelações), e ainda 12 constelações referenciais das estações climáticas. As solares eram divididas e honradas à três deuses: Enlil, deus da terra, com as 12 constelações do zodíaco setentrional; Anu, deusa do céu, com as 12 constelações do zodíaco equatorial; e Ea, deusa das águas, com as 12 constelações do zodíaco austral.

No Egito registros apontam como sendo a constelação de Áries nativa desta terra (sua posição e simbolismo). Também existe o Zodíaco do Templo de Dendera, contudo é um obra do período helenístico.

Na Grécia, além da transmissão do conhecimento mesopotâmio via minóicos e micenos, e do poeta Aristarco, outros famosos pensadores contribuíram com o avanço desta ciência:

* Homéro: Na Ilíada e na Odisséia faz menções a algumas constelações circumpolares. 

* Tales: Teria sido o primeiro a fabricar um globo celeste.

* Anaximandro: Construiu um globo celeste com as constelações clássicas.

* Eudoxo: Escreveu Phainomena, agora perdido.

* Aratus de Soli: Elaborou um guia completo de constelações em Phainomena.

* Eratóstene: Sua obra Catasterismes reunia 42 constelações míticas. 

* Híparco: Formou o primeiro catálogo com 1080 estrelas, com longitude, latitude e magnitude. Graças a este catálogo que Hiparco descobriu a precessão dos equinócios.

Em Roma destacou-se Marcus Manílio, escritor de Astronomica, poema latino; e Hígino, autor de Petica Astronomica. Houve também o Atlas Farnese, globo celeste provavelmente de herança helênica. Contudo a obra mais preponderante de toda esta era foi a erigida por Ptolomeu. Praticamente não havia muita organização na catalogação das constelações míticas até Cláudio Ptolomeu de Alexandria escrever seu Almagesto por volta de 148 d.C. (Este Ptolomeu não tem nada haver com a dinastia faraônica ptolomáica). Este astrônomo agrupou pela primeira vez na história todos os mitos e constelações, definindo seus limites e estrelas.

CLAUDIUS PTOLOMEUS in ALMAGESTO
148 d.C
(48 Constelações)
Hemisfério Norte
(21)
Andromeda Aquila Auriga Bootës
Cassiopeia Cepheus Corona Borealis Cygnus
Delphinus Draco Equuleus Hercules
Lyra Ophiuchus Pegasus Perseus
Sagitta Serpens Triangulum Ursa Major
Ursa Minor  
Zodíaco
(12)
Aries Taurus Gemini Cancer
Leo Virgo Libra Scorpius
Sagittarius Capricornus Aquarius Pisces
Hemisfério Sul
(15)
Ara Argo Navis Canis Major Canis Minor
Centaurus Cetus Corona Australis Corvus
Crater Eridanus Hydra Lepus
Lupus Orion Piscis Notius

 

Ao definir tais constelações, Ptolomeu deixou inúmeras de fora, praticamente extinguindo-as até de nosso conhecimento póstumo. A única bem retratada é Antinous – O Antineu, que fora criada pelo Imperador Adriano, de Roma e só nos foi preservada a história pois foi resgatada por Hevelius, posteriormente.

 

Na Idade Média…

 

Desde Constantino até o Renascimento a ciência perdera seu campo de atuação para a religião. Com a Idade das Trevas todo o pensamento místico fora proibido, exceto a própria religião católica. O index foi o terror de escritores e milhões de livros foram às chamas. Os árabes alheios a esta zona de influência salvaguardaram as tradições helênico-bizantinas e desenvolveram ainda mais a astronomia. Al Sufi (903-986) em seu Livro das Estrelas Fixas nos preservou as estrelas catalogadas no Almagesto e ainda nos apresentou outras, por isto muitos nomes tradicionais de estrelas nos tempos de hoje ainda são em árabe (praticamente a maioria absoluta). 

 

Na renascença…

 

Em 1515 Albrecht Dürer, famoso pintor alemão, retratou dois mapas celestes – um para cada hemisfério – com imagens simbólicas por detrás de cada constelação de Ptolomeu inspiradas nos baixos-relevos do globo Farnese e com descrições do poeta Aratus. Algo tão notório praticamente seguido por todos os astrônomos até Johann Bode, dentre eles Gerardus Mercator (1551), aquele do Plano Mercator. 

O italiano Alessandro Piccolomini (1540) em Della Sfera del Mondo foi o primeiro a usar letras latinas para a nomenclatura de estrelas, também retratando as 48 constelações clássicas de Ptolomeu.

Tycho Brahe, tutor de grandes mestres que abordaremos no prosseguimento do artigo, elaborou em 1602 o último catálogo antes da invenção do telescópio. Sua obra continha 700 estrelas com coordenadas absolutamente precisas. 

Nos tempos modernos…

 

Com o renascimento efervescente e a Era das Grandes Navegações a tradição voltou à tona e mais que isso, era preciso agora nomear e catalogar novas constelações, devido a diferença do céu estelar em cada latitude. 

Assim em 1603, Johann Bayer, astrônomo alemão da Bavária, ao publicar seu Uranometria (“Medidas do Céu”) desmembra duas constelações clássicas de Ptolomeu e oficializa outras 12, que haviam surgido anteriormente em cartas de navegação de Pieter Dirchsz Keyser e Frederick de Houtman – todas com fundo mitológico dos povos por eles visitados, exceto Triângulo Austral. Ao todo em sua coleção são ilustradas 62 constelações. 

Bayer também é o responsável pela classificação estelar que ficou conhecida por seu nome, a qual nomeia cada estrela com uma letra Grega ou Latina, pela sua posição na constelação. 

 

JOHANN BAYER in URANOMETRIA
1603
(62 Constelações)
Hemisfério Norte
(22)
Andromeda Aquila Auriga Bootës
Cassiopeia Cepheus Coma Berenices *
(Desmembrada de Leo)
Corona Borealis
Cygnus Delphinus Draco Equuleus
Hercules Lyra Ophiuchus Pegasus
Perseus Sagitta Serpens Triangulum
Ursa Major Ursa Minor  
Zodíaco
(12)
Aries Taurus Gemini Cancer
Leo Virgo Libra Scorpius
Sagittarius Capricornus Aquarius Pisces
Hemisfério Sul
(28)
Apis Apus Ara Argo Navis
Canis Major Canis Minor Centaurus Cetus
Chamaeleon Columba ** Corona Australis Corvus
Crater Eridanus Grus
(Desmembrada de Piscis Aust.)
Hydra
Hydrus Indus Lepus Lupus
Orion Pavo Phoenix Piscis Notius
Piscis Volans Triangulum Australis Tucana Xiphias

  

*Criada por Tycho Brahe.

**Criada por Petrus Plancius anteriormente.

 

Em 1624, Jakob Bartsch, holandês amigo Bayer, cataloga algumas constelações já em uso, mas de origem desconhecida, além de acrescentarem algumas próprias e efetivar outras já imaginadas por Petrus Plancius e Pieter Keyser no fim do século anterior em sua viagem no navio Hollandia ao hemisfério sul, as quais Bayer ignorou…

 

JAKOB BARTSCH, PETRUS PLANCIUS et PIETER DIRCHSZ KEYSER
15981624
(74 Constelações)
Hemisfério Norte
(28)
Andromeda Anser Aquila Auriga
Bootës Camelus Cassiopeia Cepheus
Coma Berenices Corona Borealis Cygnus Delphinus
Draco Equuleus Hercules Jordanus
Lyra Ophiuchus Pegasus Perseus
Ramus Pomifer Sagitta Serpens Tigris
Triangulum Ursa Major Ursa Minor Vespa
Zodíaco
(12)
Aries Taurus Gemini Cancer
Leo Virgo Libra Scorpius
Sagittarius Capricornus Aquarius Pisces
Hemisfério Sul
(34)
Apis Apus Ara Argo Navis
Canis Major Canis Minor Centaurus Cetus
Chamaeleon Columba Corona Australis Corvus
Crater Eridanus Gallus Hydra
Hydrus Indus Lepus Lupus
Monoceros Noctua Orion Pavo
Phoenicopterus
(re-nomeação de Grus)
Phoenix Piscis Notius Piscis Volans
Polophilax Triangulum Australis Solarium Tucana
Testudo Xiphias

 

A Igreja reage, com a Contra-Reforma visa buscar seu antigo status medieval. Em 1627 Julius Schiller com seu Coelum Stellarum Christianum busca eliminar qualquer vestígio pagão das cartas celestes (vestígio é força de expressão, pois era preponderante). Desta maneira re-nomeou as constelações, eis alguns exemplos (estou pesquisando ainda a lista completa):

* 12 Constelações Zodiacais => Os 12 Apóstolos. 

* Touro => Santo André.

* Perseu => Sâo Paulo. 

* Hércules => Reis Magos.

* Ursa Maior => Barco de São Pedro.

* Cassiopéia = > Maria Madalena.

* Órion => São José.

* Cão Maior => Rei Davi.

* Cinturão de Órion => Três Marias.

* Cisne => Cruz de Santa Helena.

* Andrômeda => Santo Sepulcro.

* Rio Erídano => Mar Vermelho.

* Nave Argos => Arca de Noé.

* ? => Sudário de Cristo.

Sciller ainda se propôs a alterar os nomes dos grandes astros: Sol seria Jesus Cristo, Mercúrio seria Elias, Vênus renomeado como João-Batista, Marte como Josué, Júpiter seguindo a origem de seu nome tornar-se-ia Moisés, o pai dos hebreus, por fim, Saturno seria Adão.

Em 1690, após ter seu observatório reconstruído pelo Rei Jan Sobieski III da Polônia – O mesmo rei cuja história inspirou a criação do personagen “Yan” de Escudo -, Johannes Hevelius publica seu Firmamentum Sobiescianum (“Firmamento de Sobieski”) onde haviam 79 constelações, 11 criadas por ele, das quais somente 7 perduram até hoje e outras duas criadas por Royer e Halley.

 

JOHANNES HEVELIUS in FIRMAMENTUM SOBIESCIANUM sive URANOGRAPHIA
1690
(79 Constelações)
Hemisfério Norte
(35)
Andromeda Aquila Antinous
(recuperada de Adriano)
Anser
Auriga Bootës Camelopardalus
(re-nomeação de Camelus)
Canis Venatici
Cassiopeia Cepheus Cerberus Ramus Coma Berenice
Corona Borealis Cygnus Delphinus Draco
Equuleus Hercules Lacerta Leo Minor
Lynx Lyra Mons Maenalus Musca
(re-nomeação de Vespa)
Pegasus Perseus Sagitta Scutum Sobieskii
Serpens Serpentarius
(re-nomeação de Ophiuchus)
Triangulum Triangulum Minor
(desmembrada de Triangulum)
Ursa Major Ursa Minor Vulpecula
Zodíaco
(12)
Aries Taurus Gemini Cancer
Leo Virgo Libra Scorpius
Sagittarius Capricornus Aquarius Pisces
Hemisfério Sul
(32)
Apus Ara Argo Navis Canis Major
 Canis Minor  Centaurus Cetus Chamaeleon
Columba Corona Australis Corvus Crater
Crux
(Royer, 1697)
 Eridanus  Grus Hydra
Hydrus Indus Lepus Lupus
Monoceros Musca Australis Orion Pavo
Piscis Notius Piscis Volans Phoenix Robur Carolinum
(Halley, 1679)
Sextans Uraniae Triangulum Australis Tucana Xiphias
(também nomeado Dorado)

 

Após Hevelius alguns astrônomos diferenciaram novas constelações esporadicamente e poucas ganharam notoriedade e foram aceitas na próxima valorosa coletânea, a de Lacaille, dentre estas se encontram: Corona Firmiana (Corbinianus, 1730); Solarium, Solarium de Cadran (?); e Sceptrum (Royer, 1679).

Em 1763, com seu Coelum Australe Stelliferum (“Constelações do Céu Austral” – Obra publicada após sua morte), Nicolas de Lacaille desmembra a famosa Argo Navis em 3 partes e cria outras 14 constelações, obviamente, todas no hemisfério sul, além de renomear algumas constelações.

Lacaille também modificou a Classificação Bayer para nomes de Estrelas, passando a usar como referência a magnitude estelar, ao invés de sua localização ‘geográfica’. A de menor magnitude (e de tal modo, maior brilho) recebe o nome de Estrela Alfa, assim sucessivamente (Sua obra também seguia o modelo Flamsteed, de John Flamsteed, presente em Historia Coelestis Britannica de 1729, onde as estrelas de pouco brilho são identificadas por um número, ordenados por sua ascensão de reta).

 

NICOLAS-LOUIS DE LA CAILLE in COELUM AUSTRALE STELLIFERUM
1763
(94 Constelações)
Hemisfério Norte
(35)
Andromeda Aquila Antinous Anser
Auriga Bootës Camelopardalus Canis Venatici
Cassiopeia Cepheus Cerberus Ramus Coma Berenice
Corona Borealis Cygnus Delphinus Draco
Equuleus Hercules Lacerta Leo Minor
Lynx Lyra Mons Maenalus Musca
Pegasus Perseus Sagitta Scutum Sobieskii
Serpens Serpentarius Triangulum Triangulum Minor
Ursa Major Ursa Minor Vulpecula
Zodíaco
(12)
Aries Taurus Gemini Cancer
Leo Virgo Libra Scorpius
Sagittarius Capricornus Aquarius Pisces
Hemisfério Sul
(47)
Antlia
(desmembrada de Hydra)
 Apparatus Chemicus
(desmembrada de Phoenix)
Apparatus Sculptoris
(desmembrada de Phoenix)
Apus
Ara Caelium
(desmembrada de Eridanus)
 Canis Major  Canis Minor
Carina
(desmembrada de Argo Navis)
Centaurus  Cetus  Circinus
(Desmembrada de Triângulo)
Chamaeleon Columba Corona Australis Corvus
Crater Crux  Eridanus  Grus
 Horologium
(desmembrada de Eridanus)
 Hydra Hydrus Indus
Lepus  Lupus Microscopium
(desmembrada de Piscis Aust.)
Monoceros
 Mons Mensa
(desmembrada de Hydrus)
Musca Australis Norma
(desmembrada de Lupus)
Octans
(desmembrada de Chamaeleon)
Orion Pavo Pictor
(desmembrada de Xiphias)
Piscis Notius
Piscis Volans Phoenix Puppis
(desmembrada de Argo Navis)
Pyxis
(desmembrada de Hydra)
Reticulum
(desmembrada de Xiphias)
Sextans Uraniae Telescopium
(desmembrada de Pavo)
Triangulum Australis
Tucana Vela
(desmembrada de Argo Navis)
Xiphias
(também nomeado Dorado)

  

1801 marca o auge das representações artísticas das constelações. A obra Uranographia de Johann Bode, astrônomo alemão – o mesmo que descobriu a trajetória e deu nome à Urano -, retrata a maior coletânea de constelações encontradas em um único atlas celeste, muitas elaboradas por Bode, outras absorvidas de inúmeras cartas celestes anteriores, principalmente de Lallande, Hell, Edmond Halley, Royer, Kirch, Lemonnier e Poczobut, todos estes com compêndios próprios, geralmente confeccionados a pedido de Reis e Nobres. 

Era composta de 18 mapas e 2 planisférios, contendo 17.000 estrelas e 2.500 nebulosas, retratando o céu europeu conforme visto pelos cartógrafos nos três séculos precedentes, pois cada nação européia possuía um “céu” diferente entre 1600 e 1800.

Bode, ao lado de Friedrich Argelander (Uranometria Nova, 1843) e Gould (Uranometria Argentina, 1877), foi a base para a nova carta celeste da União Astronômica Internacional, criada entre 1922 e 1930.

     

JOHANN ELERT BODE in URANOGRAPHIA
1801
(110 Constelações)

Hemisfério Norte
(42)
Andromeda Aquila Auriga Bootës
Camelopardalus Canis Venatici Caput Medusa
(Desmembrada de Perseus)
Cassiopeia
Cepheus Cerberus Coma Berenices Corona Borealis
Custos Messium
(Lallande, 1775)
Cygnus Delphinus Draco
Equuleus Fredericus Honores
(Bode, 1797)
Hercules Lacerta
Leo Minor Lillium
(re-nomeação de Musca Bor.)
Lynx Lyra
Pegasus Perseus Quadrans Muralis
(Lallande, 1775)
Ramus Pomifer
(Bode, 1801)
Sagitta Scutum Sobieskii Serpentarius Serpens
Tarandus vel Rangifer
(Lemonnier, 1736)
Taurus Poniatovii
(Poczobut, 1777)
Telescopium Herschelius
(Hell, 1781)
Triangulum
Triangulum Minor Turdus Solitarius *
(Lemonnier, 1736)
Ursa Major Ursa Minor
Vulpecula Vultur
(Bode, 1801)
   
Zodíaco
(12)
Aries Taurus Gemini Cancer
Leo Virgo Libra Scorpius
Sagittarius Capricornus Aquarius Pisces
Hemisfério Sul
(56)
 Antlia Apparatus Chemicus Apparatus Sculptoris Apus
Ara Caelium Canis Major Canis Minor
 Carina Centaurus Cetus Circinus
Chamaeleon Columba Corona Australis Corvus
Crater Crux Dorado
(re-nomeação de Xiphias)
Eridanus
Felis
(Lallande, 1798)
Globus Aerostaticus
(Lallande, 1798)
Grus Horologium
Hydra Hydrus Indus Lepus
Lochium Funis
(Bode, 1801)
Lupus Machina Electrica
(Bode, 1790)
Malus
(Lallande, 1798)
Mensa
(re-nomeação de Mons Mensa)
Musca
(re-nomeação de Musca Austr.)
Microscopium Monoceros
Norma Octans Officina Typographica
(Bode, 1801)
Orion
Pavo Phoenix Pictor Piscis Notius
Piscis Volans Pluteum Pictoris Psalterium Georgii
(Hell, 1781)
Puppis
Pyxis Reticulum Robur Carolinum
(retorna aos atlas)
Sceptrum Brandenburgicum
(Kirch, 1688)
Sextans
(re-nomeação de Sextans Ura.)
Telescopium Triangulum Australis Tucana Vela

   

* No fim do século XIX, após Bode, poucas constelações foram estabelecidas em cartas esporádicas, cabe dizer que Turdus fora renomeada em 1822 por Jamieson para Noctua – Coruja; Na região de Aquário fora criada a Norma Nilótica – Régua do Nilo; e Nubecula Major e Nubecula Minor, que na verdade são as Grande Nuvem de Magalhães e a Pequena Nuvem de Magalhães, galáxias. 

 

Com a fundação da União Astronômica Internacional em 1922 e com o término de seu catálogo estelar em 1930 muitas constelações foram extintas, algumas renomeadas, mas nenhuma recém-criada.

 

UNIÃO ASTRONÔMICA INTERNACIONAL

HEMISFÉRIO NORTE (28)

ZODÍACO (12)

HEMISFÉRIO SUL (48)

Andromeda Draco Triangulum
Aquila Equuleus Ursa Major
Auriga Hercules Ursa Minor
Bootes Lacerta Vulpecula
Camelopardalus Leo Minor  
Canes Venatici Lynx  
Cassiopeia Lyra  
Cepheus Ophiuchus  
Coma Berenices Pegasus  
Corona Borealis Perseus  
Cygnus Sagitta  
Delphinus Scutum  
Aries
Taurus
Gemini
Cancer
Leo
Virgo
Libra
Scorpius
Sagittarius
Capricornus
Aquarius
Pisces
Antlia Corona Australis Lepus Piscis Aust. ***
Apus Corvus Lupus Puppis
Ara Crater Mensa Pyxis
Caelium Crux Microscopium Reticulum
Canis Major Dorado Monoceros Sculptor **
Canis Minor Eridanus Musca Serpens
Carina Fornax * Norma Sextans
Centaurus Grus Octans Telescopium
Cetus Horologium Orion Triangulum Aust.
Chamaleon Hydra Pavo Tucana
Circinus Hydrus Phoenix Vela
Columba Indus Pictor Volans ****

* Ex Apparatus Chemicus. ** Ex Apparatus Sculptoris. *** Ex Piscis Notius. **** Ex Piscis Volans.

Atualmente (apêndice)…

 

Com as constelações já definidas e bem delimitadas desde 1930, restou estabelecer ordem quanto a nomenclatura das estrelas. Com o salto tecnológico milhões e milhões de estrelas foram contabilizadas, o que fomentou nova categoria de análise sobre elas. Veja um exemplo do processo ao longo dos anos:

 

* Aldebaran do Touro

Denominações antigas:

Nome em acadiano: Gis-da.

Nome em babilônio: I-ku-ku (a primeira das estrelas).

Nome em grego: Oculis Tauri.

Nome em latim: Suculae, Stella Dominitrix, Paricilim.

Nome genérico: Olho do Touro.

Denominações modernas:

Nome em árabe: Aldebaran (al-dabarân: sucessor das plêiades).

Nome no Modelo Piccolomini (1540): A Tauri.

Nome no Modelo Bayer (1603): Alpha Tauri.

Nome no Modelo Flamsteed (1729): 87 Tauri.

Nome no Modelo Bonner Durchmusterung (1863): BD + 16’629.

Nome no Modelo Harvard Register (1884): HR 1457.

Nome no Modelo Henry Draper (1900): HS 29139

Nome no Modelo Smithsonian Astrophysical Observatory (1966): SAO 94027

Nome no Modelo Hubble Space Telescope – Guide Star Catalog (1994): GSC 1266:1416

Todo modo, não há detrimento de uns em preferência a outros, todos estão corretos. Somente cada instituto usa uma nomenclatura diferente de acordo com as diretrizes de seu catálogo.

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