Matéria produzida por:
Michael Serra
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TRANSLITERAÇÃO E PRONÚNCIA

DOS NOMES DE SAINT SEIYA 

Pelas constantes discrepâncias e discussões sobre o assunto, me vejo impelido a escrever algo sobre, justamente nossa versão explicativa do que é “o certo” neste processo de adaptação de palavras. 

Primeiro, algo claro que todos devem saber, NOMES PRÓPRIOS NÃO SE TRADUZ, quando digo isso quero dizer, não se traduz ao sentido, ao significado, da palavra em nossa língua. Seiya significa Flecha Estelar mas nem por isso chamaríamos ele assim hehe (parece nome indígena). XD

O que deve ocorrer é uma adaptação ao nosso alfabeto ocidental (não digo adaptação a nossa língua). Isto me leva a ter que dizer que, como a língua japonesa é composta de três silabários, esta adaptação irá variar conforme o silabário. 

Este processo primário de adaptação se chama TRANSCRIÇÃO (ou seja, passar o nome de um sistema a outro, sem necessariamente por o nome em questão nas normas corretas da nova língua, ou seja, ato de passar, sem alteração fonética, de um sistema para outro). 

Em Kanji e Hiragana (raros nomes com Hiragana) a transcrição se dará SOMENTE com o sistema Romaji, o mais conhecido e utilizado destes Romaji é o sistema Hepburn (clique aqui para ver um artigo sobre), contudo existem outros e isto não é algo regulamentado por leis específicas do idioma japonês.

Deste modo nomes como Seiya, Marin, Shiryu, etc… são somente a transcrição, no caso fonética, dos nomes da língua japonesa. Repare que nomes assim somente seguem o silabário japonês, você não encontrará nenhuma palavra com “L”, por exemplo, para conhecer melhor o sistema fonético japonês veja a matéria já supra-citada. Não se deve adaptar estes nomes de outra forma após este passo, pois são nomes “NATIVOS“.

Agora, a grande variante, o X da questão deste artigo, se encontra nos nomes em Katakana. Todos sabem que o Katakana é o sistema japonês usado em onomatopéias e em palavras de origem estrangeira, ou seja uma “ajaponezação” dos termos… 

Bem… Assim, se é uma palavra estrangeira devemos retornar tal palavra a sua própria origem. SIMPLES. Este é o processo de TRANSLITERAÇÃO dos termos, onde, APÓS ter sido transcrito ao romaji “letra por letra”, haverá uma (re)adaptação da palavra ao sistema alfabético original, possivelmente podendo ocorrer diferenças fonéticas. 

Deste modo:

 

1º – Katakana: アルデバラン

2º – Romaji: A.ru.de.ba.ra.n

3º – Transliterado: Aldebaran.

 

Mas isto não é tão fácil quanto se parece. Pois para fazermos isto temos que saber primeiro: A que língua pertence essa palavra? Pois, Arudebaran, façam de contas, poderia ser um nome cananeu, sei lá, e a transliteração seria idêntica ao Romaji.

Sabemos que a maioria das palavras em Katakana usadas no Japão são de origem inglesa, em grande número também estão expressões francesas e alemãs (e devido a influência lusitana na época das grandes navegações, até algumas portuguesas, como “pão”).

Contudo, em Saint Seiya praticamente não temos que nos preocupar com isso, em descobrir a a origem dos nomes, eles praticamente saltam a nossa vista sem esforço nenhum. Reparem nos principais métodos para se perceber a que língua pertence o nome:

 – Se for nome clássico (épico, mitológico) seu equivalente será em inglês (que por sua vez, foi transliterado do grego, AO PÉ DA LETRA. A escrita em inglês é praticamente a TRANSCRIÇÃO exata do termo em grego, só trocam de alfabeto, mais detalhes sobre transcrição e transliteraçao do grego, clique aqui). Assim, em nomes como Rhadamanthys, Minos, Aiacos, etc, seus Katakanas são revertidos ao inglês/grego. Bem, pode se falar diretamente ao grego se quiserem, dá na mesma… Acontece ainda o fato de existirem nomes de outras mitologias que não somente a grega (como nórdica e hebraica), mas o processo é o mesmo, o equivalente em inglês das transliterações do germânico e judáico (como Thor e Moses).

Detalhe, isto vale somente para personagens com nomes míticos, mas que não sejam o “próprio mito”, digo. Exemplificando, ficaria sem sentido manter os nomes de deuses, como Apollon e Athena, em nossas adaptações deste modo, de qualquer forma, neste caso específico, Apolo e Atena são tão viáveis quanto Apollon e Athena, os dois tipos podem ser usados (mas não é o caso de Radamanto, Éaco, etc…, pois estes são pessoas comuns, com nacionalidade e background distintos, assim seus nomes seguem outros padrões, vide mais abaixo).

Nomes de monstros que servem de base para as vestimentas, tem seu nome popular em nossa língua, caso exista (como Centauro, Hidra, etc…). Se nao houver nome assim, segue o nome clássico de sua própria mitologia, como Dullahan.

– Se for nome astronômico (nomes de estrelas, constelações) seu equivalente também será em inglês, podendo ter sido a ele transliterado do grego, mas também, no caso de nome de estrelas, do Árabe ou do Latim (lembrem-se que os nomes das estrelas originais gregas praticamente foram perdidas, somente restaram poucas como Sírius. Com a expansão do islã, os mulçumanos tiverama acesso as obras clássicas da antiguidade e mantiveram/alteraram os catálogos astronômicos com nomes em sua própria língua. O mesmo ocorreu com os romanos, por isso o Latim). Assim, Aldebaran, Algol e Capella, são nomes grafados em inglês, mas que por sua vez vieram do Árabe e Latim (Al’ de Baran e Al Gul; e Capella – O Olho do Touro, O Demônio e Cabra).

– Se for nome de origem diversa, antes de se desesperar para descobrir a origem, veja a ficha de cada personagem, muitos nomes tem sua raiz na própria nacionalidade do indivíduo. Contudo, grande parte das vezes estes nomes também são transliterados ao inglês, mas somente quando há necessidade (só quando for de um alfabeto que não o alfabeto latino, como russo, hebreu, grego, sânscrito, egípcio, etc… ). Português mantém sua escrita normal, afinal, mesmo alfabeto. Exemplos:

*Casa, ele é português, seu nome é escrito em romaji como Kaasa, logo o correto é Casa (vide outros nomes em Katakana, tais comos Casa-Grande, etc, são escritos da mesma forma “Kaasa-Gurando”.

*Ptolemy, ele é egípcio, seu nome é escrito em romaji como Toremii, por isso muitos adaptam ERRÔNEAMENTE como Tremy, ou Tramy, acontece que o correto é Ptolemy, remetendo seu nome a dinastias de FARAÓS do Egito, coisa bem óbvia. É que simplesmente o “P” mudo do nome é omitido em Katakana, como acontece também com as palavras “Pneuma, Pneumatic” etc…

*Camus, ele é francês, seu nome é escrito em romaji como Kamyu (com o popular costume de adaptarem como Kamus). Mas, oras bolas, indo mais a fundo no background do personagem percebemos que o nome é uma homenagem a um autor argelino/francês chamado Albert Camus, por isso nao me venham com “K” hehe.

Por ae vai…

 

Simplificando, toda a palavra em katakana deriva sua origem do ALFABETO LATINO, por isso o nome Romaji, romanização, latinização, enfim… Acontece que, como o inglês também usa o alfabeto latino e é a língua preponderante no mundo, todos os nomes que não estejam no alfabeto latino, são passados primeiro a uma nomenclatura, por assim dizer, clássica, em inglês (nomes já ditos como Ptolemy, Moses, Thor, já são clássicos), mas este processo não ocorre com nomes em outras línguas que usam o alfabeto latino: Italiano, Francês, Alemão, Português, Espanhol e até línguas mais estranhas como Basca, Flamenca, etc… não precisam ser passados ao inglês. Enfim, só línguas que usam outros alfabetos (hebraico, sânscrito, línguas eslavas, egípcio, grego)…

 

Agora, cabe deixar claro quando isto tudo não valeria, quando aconteceria uma exceção a regra. Todos sabem que em uma obra com direitos autorais, etc, nada pode ser alterado sem consentimento do autor, ou seja, a maneira como ele escreve é pétrea, é daquele jeito e ponto final. Mesmo que utilize nomes clássicos de forma errônea, AQUELE É O NOME CERTO para a obra. (Isto me lembra desatinos de alguns autores de mangás, mas enfim).

Esta aliás é a primeira regra num processo de adaptação de nomes. Se o autor teimou por alguma razão alterar a grafia correta do nome, fazer o que né? É o que acontece com Balrog. Talvez por preservar os direitos autorais de J.R.R. Tolkien, que inventou o termo inspirado por uma lenda céltica (do fomoriano Balor), Kurumada tenha preferido grafar Balrog como Balron. Contudo.. deixemos para analisar Nomes Próprios Genéricos mais a frente.

 

Continuando… Então, a maneira que o autor escreveu é perpétua, e as transliterações vindouras devem seguir esta alteração. Pois bem, mas o que acontece se, em cada publicação do autor, o nome aparece escrito de uma forma diferente?!!!!

Isto acontece e muito em Saint Seiya.

Kurumada de seu próprio punho somente escreveu os nomes em Katakana. Mas em várias publicações vemos alguns nomes em Alfabeto Latino. E cada um escrito de um jeito diferente, aff. ><“

Por exemplo, Mangás e Taizen (Enciclopédia) escrevem “Sorento”, mas a Cosmo Special escreve “Solent” (cruz credo). Nesta mesma Cosmo Special Esmeralda está grafada como “Esmerarda” (caipira ela hehe). Algumas fontes dizem Tremy, outras Tramy… e enfim.. são inúmeros casos discrepantes. Por que isto ocorre?

Pelo que andei estudando posso dizer que, primeiro: um japonês comum, genérico, uma pessoal normal de lá, tem conhecimentos limitados de inglês. É notória a falta de tato dos japoneses com línguas estrangeiras, justamente por preservarem tanto sua língua local. E para complicar ainda mais, existem no mínimo 3, digo 3, maneiras diferentes de se latinizar uma palavra japonesa (o romaji sistema Hepburn é um deles, os outros dois não lembro o nome). Isto causa uma confusão desgraçada.

Mas profissionais cometeriam estes erros, e seriam prejudicados por esta cacofonia de sistemas?!

Não digo que sim, nem que não. Ao meu ver o que acontece é o seguinte:

 

Kurumada pensou no nome original, como background explicativo de seu personagem, que já viu nossa matéria sobre a origem dos nomes percebe isso, mas ele somente escreveu seus nomes em Katakana, na maior parte das vezes, e em alfabeto latino somente alguns principais. Ai ta lá ele trabalhando, desenhando e tal, fazendo seus mangás… Bem, as outras produções de Saint Seiya são meras resenhas de suas obras, compêndios e coleções de informações. Não é necessário que um autor muito ocupado como ele deve ser (será?) fique juntando dados numa planilha de computador para ser impresso em livros depois.

A falha se encontra nesse processo. Alguém, um redator provavelmente, achou que seria melhor por o nome do personagem em alfabeto latino também em uma determinada parte da obra, e bem, o nome só estava em Katakana, ai la vai o pobre coitado tentar transcrever e transliterar o nome, mas sem saber a ORIGEM real de tal nome… Ai.. pimba.. sai as barbaridades como Solent, Tramy, Esmerarda…

Talvez vocês possam me perguntar como eu sei que isto está errado então, visto que, pelos Katakanas estes nomes são passíveis de compreensão (afinal, expressos em katakana Solent é igual a Sorento)?

Por duas coisas, uma objetiva e outra subjetiva: A subjetiva, e de menos valia (em termos oficiais técnicos) é a própria história do personagem, seu famigerado background…

A outra, OBJETIVA, é os INÚMEROS ERROS EM PALAVRAS COMUNS ROMANIZADAS nas obras de Saint Seiya… Eles escrevem Black PHEONIX com a maior naturalidade hehe (e tal erro não ocorre só com esta palavra, e só uma vez não, eles escrevem Lizard, “lagarto” como Rizard e Centaur, como Santol, isto obviamente em nosso alfabeto. Erros ridículos!).

Ou seja, eles são ruins mesmo nisso. XDDDDD

 

Enfim, como os nomes devem passar de mão em mão em cada obra de Saint Seiya, fora os nomes que nunca sofrem alteração alguma, os demais não podem ser levados a sério e nem devem ser entendidos, em minha opinião, como Regra para futura transliteração, pois então, seria Sorento ou Solent? Nestes casos cabe uma melhor pesquisa que justifique a escrita correta do termo.

Penso: Kurumada poderia ser mais atento a isto e ao menos revisar as publicações com maior zêlo, mas estas ambigüidades mostram que ele ta neeeeem ae com isso hehe. Se ao menos tivesse feito um “guia de romanização” como muito autores fazem… mas enfim…

 

Vamos a um pequeno quadro com os nomes INDISCUTÍVES de Saint Seiya, grafados latinamente sempre da mesma forma em todas as obras, e coerentes com seu “background” (Em vermelho destaque para o nome correto de uns conhecidos erroneamente):

Cavaleiros de Bronze: “Seiya, Shiryu, Hyoga, Shun, Ikki, Jabu, Nachi, Ban, Geki, Ichi, June e Mei”.

Cavaleiros de Prata: “Marin, Shaina, Misty, Moses, Asterion, Babel, Jamian, Dante, Capella, Sirius, Dio (mangá), Dios (anime), Albiore (anime), Orphee, Arachne, Shiva, Agora, Nicol, Noesis”.

Cavaleiros de Ouro: “Sion, Mu, Aldebaran, Saga, “Death Mask” (Máscara da Morte), Aiolia, Shaka, Dohko, Shura, CamusAphrodite“.

Os personagens dos filmes não tiveram seus nomes latinizados de modo oficial.

Os personagens da Saga de Asgard não tiveram seus nomes latinizados de modo oficial.

Saga de Poseidon: “Io, Krishna, Isaac, Canon“. 

Saga de Hades: “Pandora, Rhadamanthys, Minos, Gigant, Myu, Raimi, Niobe, OchsCubeMills. Os demais não tiveram seus nomes latinizados de modo oficial.

Outros personagens: “Alexer, Saori Kido, Mitsumasa Kido, Tokumaru Tatsumi, Miho, Shunrei, Kiki, Jacob, Julian Solo, Natassia, Seika”. Os demais não tiveram seus nomes latinizados de modo oficial.

Nomes em ambigüidade/errôneos:

– Algol (Argor em todas)*

– Algeti (Argeti em todas)*

– Daidalos (Daidaros em todas)*

– Ptolemy (Tremy no mangá, Tramy na Cosmo Special e no Kanzenban).

– Baian (Baiane na Cosmo Special, Baian no mangá).

– Sorento (Solent na Cosmo Special, Sorento no mangá).

– Cassios (Casios na Cosmo Special, Cassios no mangá).

– Esmeralda (Esmerarda na Cosmo Special, Esmeralda no mangá).

– Aiolos (Aioros em inscrições do Mangá, mas em grego, Aiolos no Kanzenban). 

– Casa (Kasa no Kanzenban, Casa nos demais).

– Zelos (Zeros no Kanzenban, Zelos no Hades Artbook).

– Aiakos (Aiacos no Kanzenban, Aiakos nos demais).

– Canon (Kanon no Kanzenban, Canon no Hades Artbook).

– Thetys (Tetis no Kanzenban, Thetys nos demais).

– Milo (Miro no Kanzenba, Milo no Hades Artbook).

Existem muitos outros termos ambíguos, mas no caso devido a transliteração do Katakana, e não por falha das obras latinizadas. (ver aqui a matéria das origens dos nomes – NOTA: SERÁ ATUALIZADO EM BREVE).

Sobre os casos com asteríscos: Seguindo a mesma regra que aplicamos, e que eles, os licenciadores, também aplicaram, aos nomes Aiolia, Aiolos, Milo, estes nomes Argor, Argeti, e Daidalos estão grafados erroneamente. Pois, estes dois primeiros são nomes de estrelas (Algheti e Algol, de suas respectivas constelações) e Daidalos é a forma inglesa/grega do nome Dédalo. (repare que esse “ai” é a mesma raiz do nome Aiacos, por isso Éaco, Dédalo, enfim). Estes três sim parecem ser um caso legítimo de alteração do nome por gosto pessoal do autor. Então, o correto, correto mesmo, é ArgorArgeti, e Daidaros. (Todavia, como isto não está provado ser um ERRO ou INTERVENÇÃO do autor, os nomes AlgolAlgheti e Daidalos, estão no mesmo nível, assim sendo: TANTO FAZ!).

Talvez falte mais alguns nomes naquela listagem indiscutível, procurarei melhor nas obras de Saint Seiya ainda, mas acredito que não tenha nada destoante a esta matéria, e ao artigo das origens dos nomes.

 

Agora, um detalhe sobre o caso dos nomes próprios genéricos (nomes de constelações, armaduras, golpes). Estes nomes sim podem ser traduzidos, mesmo sendo nomes próprios. Outra coisa é sobre a pronúncia dos nomes, principalmente na dublagem.

Pensem, se o nome está em Kanji originalmente, quer dizer que é um nome nativo japonês, logo, A PRONÚNCIA SEGUE AS NORMAS JAPONESAS… Inversamente, se um nome esta em Katakana, a pronúncia deve seguir as normas da lingua de origem do termo, a lingua mãe da palavra. Assim:

– Nome clássico de personalidades encarnadas (deuses): seguir preferencialmente a pronúncia de nossa língua.

– Nome clássico de outros personagens com nome somente “inspirado”: seguir nacionalidade do nome.

– Nomes de origens astrônomicas: inglês.

– Nomes de origens diversas: nacionalidade do personagem (e caso seja necessário adaptação fonética de sistemas alfabéticos diferentes: inglês).

 

Por isso, não existe aquilo de que, nomes em Katakana se escrevem de um jeito, mas se pronunciam de outro (só porque é o jeito que os japoneses pronunciam), como uns certos sites ‘grandes’ que influenciam a dublagem pregam. Nada de escrever Aiolia, mas falar Aioria, é Aiolia mesmo! (também não vai falar Eólia né).

 

Fim, acho. XD~ Vai que esqueci de algo, depois tem atualização hehe…

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