Autor/tradutor:
Allan “Nicol”

Fonte:
Sports Hochi, em 07 de junho de 2014.

Masami Kurumada  e o filme “Legend of Sanctuary”

Imagem meramente ilustrativa do clear file da pré-venda do ingresso japonês do filme.

No mês de junho de 2014, justamente alguns dias antes da estreia do filme “Saint Seiya: Legend of Sacntuary” (Os Cavaleiros do Zodíaco: Lenda do Santuário), dentre uma série de publicações trouxeram entrevistas e demais informações promover esse lançamento, o site de variedades, Sports Hochi entrevistou Masami Kurumada, o autor original de Saint Seiya e registrou suas impressões sobre o filme, seu envolvimento na produção e seus pensamentos sobre a expansão do universo Saint Seiya trazida por esta nova produção. Cabe explicar que ao longo da entrevista, destaquei em negrito alguns trechos que acho que merecem a devida atenção.

Ouvimos os fundamentos do anime pelo autor de Saint Seiya, Masami Kurumada

Serializado de 1985 a 1990 na “Shukan Shonen Jump”, desde então uma série de TV e filmes foram feitos, mas 10 anos depois de uma sucessão de produções que deram sequência à essa popular série, a produção animada para o cinema “Saint Seiya Legend of Sanctuary” (com Keiichi Sato como diretor) estreará dia 21. O primeiro da série a ser feito completamente em CG foi a “Saga das 12 Casas” que é a mais popular da obra original. Masami Kurumada (60 anos), autor e produtor executivo, também está dando seu grande selo de aprovação dizendo que “É uma produção que sente-se as possibilidades do mundo de Seiya estender-se ainda mais”.

A história tem como base a mitologia grega, com técnicas especiais chamativas e armaduras que representam as constelações chamadas de Armaduras Sagradas (Cloth). “Saint Seiya” foi uma novidade que arrebatou os corações das garotas assim como os dos garotos. Para uma geração marcada pela fala do protagonista, Seiya, “você já sentiu o seu cosmo?”, o atual visual talvez cause grande espanto a ponto deles dizerem “isso é Seiya?”.

Porém, Kurumada diz que “acho que isto é o Seiya de hoje”, ele também disse que a aparência e os personagens que ele mesmo desenhava também tinham mudado. “Apesar de achar que as pessoas vão ter impressões bem diferentes ao ver a animação, trata-se de uma representação do anime diferente.  Existe uma profundidade, uma certa profundidade nos personagens desta produção atual, e também a tecnologia tem evoluído bastante atualmente. É melhor se impressionar dizendo ‘ficou desse jeito’ do que não provar as possibilidades da animação”. Assim ele deu boas-vindas à produção que continua o “crescimento”.

O projeto foi trazido até Kurumada há aproximadamente 6 anos atrás. Desde então, começou uma incontável troca de ideias com a produção. “Daqui foram ditas duas coisas: ‘queria um roteiro que adequasse a história sem artificialidades em cerca de 90 minutos’ e ‘que essa produção não perdesse a elegância de até então’. Honestamente, no começo eu pensava ‘será que ficou perfeito?’, mas os produtores trabalharam duro.”

Imagem meramente ilustrativa do clear file da pré-venda dos ingressos japoneses do filme.

O cenário foi a fase mais popular do mangá, “a saga das 12 casas”. Apesar de aparecerem muitos personagens fascinantes, eles já carregavam uma “auto-apresentação” que simplesmente descrevia a todos. Por isso, a batalha contra os Cavaleiros de Ouro tem suas peculiaridades, dentre outras coisas, foi colocada no centro a batalha contra o inimigo final, feito um desenvolvimento dramático com uma variação. Além disso, o design das Armaduras Sagradas que é “outro protagonista” da produção, foi conferido e decidido pelo próprio Kurumada.

Entretanto, concluídos os contornos, passou-se depois ao trabalho de produção de fato, que deixou muitas expectativas para a equipe técnica em pontos particulares. “No passado, foi dito por um mangaká veterano que ‘quando o mangá chegar a ser usado para várias coisas como um anime, pense nisso como se estivesse preparando uma noiva’. Apesar da preocupação se vai ser bem tratado, não são ditos os mínimos detalhes”. Olhando toda a produção como produtor executivo, quando vê que está se tomando um caminho errado,  ele faz modificações apropriadamente. Ele observa a conclusão com “olhos de pai”.

Então a produção foi concluída. Suas impressões como autor original foram de “(a obra original) foi expandida numa direção bastante boa. Mangá e anime não são a mesma coisa. Anime é algo que pode expressar o que há entre cada quadro do mangá. Um animador com poder é capaz de expressar, de expandir aquilo. Nesse ponto, é algo que gosto de ver”. E assim ele disse que conseguia gostar mesmo com os olhos de um espectador, como um fã da obra.

Ao mesmo tempo, ele foi cativado pela expressão dos personagens. Esboçando um sorriso ele disse que “as cenas de drama dos personagens são como se tivessem usado pessoas de verdade, foi maravilhoso de um jeito artístico. E quanto às expressões faciais, elas apareciam mesmo em cenas com uma certa dureza, essas eram o que um ganancioso chamaria de “as melhores coisas”.

Se contarmos desde o início da série no mangá original, em breve “Saint Seiya” chegará aos seus 30 anos. Em vez de fazer algo em um formato do tipo “nostálgico”, uma obra do passado, foi feita uma nova obra dos tempos atuais. Aí estaria o seu encanto, não acham?

“Em mim, não há um sentimento em especial por ‘Seiya’. Pois todas as obras nasceram de trabalho árduo. Posso dizer que conquistei vitórias por ter persistido, com esforço e entusiasmo.  São os ‘verdadeiros valores do mangá de Kurumada’ que correm também pelas outras obras. Porém, quando penso porque fiz sucesso, será que não suei muito? Mas como disse antes, tenho consciência de que fiz com muita elegância. Mesmo assim, ainda penso muito sobre o que fiz. Nesse sentido, quando escrevo uma outra obra eu me sinto bem (risos)”.

Ao mesmo tempo, ele sente fortemente o poder da mistura das mídias. A popularidade da obra explodiu devido à grande influência do anime da TV que iniciou em torno de 10 meses após o mangá começar. Depois disso, foi exibida por cerca de 2 anos e meio, sendo exibida em mais de 80 países ao redor do mundo.

‘Seiya’ tornou o nome de Masami Kurumada conhecido pelo mundo.  Isso seria impossível apenas com o poder do papel (mangá). Desta vez, com esta obra, tendo uma nova forma de expressão, acho que o futuro se abriu ainda mais para ‘Seiya’ ”. Seu pensamento nos dá expectativas por uma “obra do futuro” ainda não vista.

Desta vez foi a ‘Saga das 12 Casas’, mas daqui em diante, pelo contrário, eu gostaria de ver uma história original. A série dos filmes do ‘007’ de agora também são histórias originais separadas das novelas originais de Ian Fleming, não é? Mesmo assim, tem alta popularidade até hoje. Se houver habilidade no cenário estará tudo bem. Nesse sentido, estaremos esperando algo original para ‘Seiya’.”