Matéria e Tradução realizada por:
Michael Serra

Fontes:
_. Bíblia Sagrada – Edição Ecumênica [Trad. Pe. Antônio Pereira de Figueiredo]. Editora Mirador. São Paulo, 1967.

_. Bíblia Sagrada – Edição da CNBB. Editora Paulinas. São Paulo, 2002.

ALIGHIERI, Dante. Divina Comédia. Editora Martin Claret. São Paulo, 2002.
CHEVALIER, Jean. & GHERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos. José Olympio Editora, Rio de Janeiro – 1982.

CLARE PROPHET, Elizabeth. Anjos Caídos e as Origens do Mal. Editora Nova Era. Rio de Janeiro, 2003. (Livro de Enoc e o Livro dos Segredos).

MILTON, John. Paraíso Perdido [Trad. Antônio José Lima Leitão]. Editora Martin Claret. São Paulo, 2002.
AGRIPPA, Heinrich Cornelius. Of Occult Philosophy, in Twilit Grotto – Esoteric Archives.

BLAVATSKY, H.P. The Secret Doctrine, in Sacred-Texts.

CHAMBERLAIN, Basil Hall. [Tradutor]. Records of Ancient Matters – “Ko-ji-ki”, in Sacred-Texts.
CROWLEY, Aleister. Liber 777, in Sacred-Texts.
FRANCK, Adolph. The Kaballah, in Sacred-Texts.
KIRCHER, Athanasius. Cabala Hebraeorvm, in Twilit Grotto – Esoteric Archives.
MANHAR, Nurho de. [Compilador]. Sepher Ha-Zohar, in Sacred-Texts.
MANHAR, Nurho de. [Compilador]. Sepher Yetzirah, in Sacred-Texts.
MANHAR, Nurho de. [Compilador]. Siphra Dtzenioutha, in Sacred-Texts.
STURLUSSON. Snorri. Voluspo e Grimnismol, da Edda Poética, in Sacred-Texts. 

WALLIS BUDGE, E.A. The Book of Gates, in Sacred-Texts. 

WALLIS BUDGE, E.A. The Egyptian Heaven and Hell, in Sacred-Texts. 
WESCOTT, William. [Tradutor]. Sepher Yetzirah, inSacred-Texts. 

WILSON, H.H. [Tradutor]. Vishnu Purana, inSacred-Texts. 
Ancient Writingswww.zyworld.com
Thelemapediawww.thelemapedia.org.
Wikipediaen.wikipedia.org.

 

 A Roda dos Mundos de Saint Seiya
 

Desde o lançamento do filme de introdução da Saga Celeste temos noção, de modo oficial,  das dimensões e mundos paralelos no universo de Saint Seiya. Em nosso próprio site já temos um ótimo artigo sobre isto escrito pelo Allan Montenegro (veja aqui). Todo modo, neste texto tentaremos não analisar somente o que já é de conhecimento de todos, mas sim contrapormos estas concepções às de origem puramente mitológica (incluso teorias modernas, como gnósticas, teosóficas e rosa-crucianas, que são, por sua vez, interpretações contemporâneas destes mitos antigos).

Ou seja, não é uma matéria meramente expositiva de fatos conclusivos, mas sim do campo especulativo e interpretativo. Todo modo, espero que seja do agrado, mas aviso antecipadamente que o conteúdo aqui presente será denso e extenso, muitas vezes fugindo ao tema do site com o intuito de melhor desenvolvimento da questão, o que pode ser, para alguns, muito maçante. Enfim…

Todo modo não queremos dizer que o autor ‘se inspirou’ nas diversas fontes e tradições citadas abaixo – se provavelmente se inspirou em algo foi em crenças até mais superficiais, banais, como a numerologia oriental, ou a tabula de elementos alquímica. 

 

Este quadro ilustra bem os mundos atualmente desenvolvidos em Saint Seiya:

 

Lembremos que estes mundos, realidades, dimensões extra-planares, não são necessariamente em termos materiais, físicos e separados entre si por unidades astronômicas. Podem apresentar manifestações terrenas ou serem totalmente alheios à Terra. Separados as vezes por rios adimensionais, outras vezes pelo próprio cosmo, pelos sentidos.

Em japonês os termos Tenkai, Meikai, Makai, Kaikai e Sekai significam justamente Barreira, ou Mundo, Celeste, dos Mortos, dos Demônios, Marinho, e a Terra. 4 destas 5 esferas estão separadas do domínio humano pela Fronteira do 9º Sentido, a Grande Vontade (Big Will), o Sentido Divino. Especificamente no enredo estes reinos não foram representados, somente aludidos e melhor falaremos sobre eles mais a frente. 

Do Reino Celestial e Demoníaco muito pouco sabemos. Mas e o Reino de Hades, e o Submarino de Poseidon? Sim, cada um é parte integrante da esfera principal, contudo apresentando suas peculiaridades (que refletem, especialmente, as características de seus deuses). No primeiro, o Submundo de Hades, fato marcante é a Fronteira do 8º Sentido, que ali distingue os vivos dos mortos. 

Este mesmo fator parece não estar presente no Reino Submarino se consideramos o “Plano” dos Sete Pilares como este domínio. Entretanto, não seria o verdadeiro Reino Submarino de Poseidon aquele destruído eras atrás por aqueles 8 Cavaleiros de Ouro mais fortes e retratado no Hipermito? A Atlântida, pois é sabido que só muito tardiamente Poseidon construiria seus Sete Pilares e o Templo de Sounion. 

Todavia, a imposição do 8º Sentido agiria da mesma forma naquele reino? Disso pouco sabemos, mas percebe-se que a noção de distinção entre vivos e mortos no Reino Marinho não ‘vem muito ao caso’, devendo assim em cada ‘reino elemental’ agir de determinada maneira. Sob o domínio do Éter, por inúmeras fontes tido como o elemento do espírito, o 8º sentido tornar-se-ia a barreira do Arayashiki.

A atuação frente aos demais elementos pode ser conjecturada por passagens mitológicas, tais como no Reino Celestial de Semi-Deuses/Semi-Humanos das lendas gregas, dotados não somente de um poder extra-humano (que poderia ser explicado pelo 7º Sentido, mas por algo a mais, uma herança divina, seja por benção ou genealogia) e no Reino Demoníaco de Incorporações de inúmeras tradições, formadores de seres Meio-Humanos/Meio Demônios (Giborins e Nephelins, gigantes criados do cruzamento de anjos caídos e mulheres; Daiphires, do cruzamento de Rakshasas e humanas são alguns exemplos).

Recordemo-nos da capacidade e atuação distinta do cosmos em cada ser. Somente graças ao cosmos um animal pôde ser deturpado e ter originado Cérberos, ou seja, frente a cada ser, a cada reino elemental, o cosmos ao nível do 8º Sentido pode explicar diversas lendas de seres bizarros, como silenos, sátiros, ictiocentauros, tritões, etc… Onde, nos mitos, tais seres não são deuses (de poder absoluto) mas também não se encontram abaixo dos humanos hierarquicamente.

 

Os Sete Pilares   Imagem Real do Monte Olimpo
  A Terra  
Castelo Heinsten   Pandemônio
Alguns elos dos 4 Mundos à Terra

 

Deste modo, os Sete Pilares podem ser melhor representados pela zona abrangida por aquele número 4 no diagrama. Assim, o número 1 seria o Monte Olimpo, 2 o Castelo Heinsten de Hades em Tuttlingen, na Alemanha, e 3 o Pandemônio, de Lúcifer. Meros canais, ou manifestações divinas na Terra, elos entre dimensões paralelas. Em quase todos estes portais se encontram os famigerados ‘campos de proteção’ (mas estes campos não se restringem a eles).

Explicado isto, vamos ao passo seguinte, contrapor este sistema aos ‘clássicos’.

In fact, there are in all religions, dogmas which need to be explained, principles the consequences of which remain to be developed, laws without possible application, as well as questions totally forgotten which, surely, touch upon the most important interests of humanity. 

The work of answering to all those needs calls for great mental activity; and the intellect, therefore, is impelled to the use of its own powers by the very desire to believe and obey. But this impulse does not produce everywhere the same results and does not act upon all intellects in the same manner.

Na realidade, há em todas as religiões, dogmas que precisam ser explicados, princípios de conseqüências as quais permanecem por serem desenvolvidas, leis sem aplicação possível, como também questões totalmente esquecidas, as quais, seguramente, tocam os interesses mais importantes de humanidade. 

O trabalho de responder a todos esses apelos requer grande atividade mental; então, o intelecto é impelido ao uso de seus próprios poderes pelo mesmo desejo acreditar e obedecer. Mas este impulso não produz os mesmos resultados em todos lugares e não age em todos os intelectos da mesma maneira.

 

Adolph Franck, The Kabbalah

 

A Cabala – A Árvore da Vida

     
Tradução da CABALA HEBRAEORVM de Athanasius Kircher, 1652-1654, em latim. O original contudo é de Oedipvs Aegyptiacvs, em egípcio.

 

Sem desespero, tentarei expor o pouco que conheço sobre este modelo.

A Cabala é um modelo de interpretação, um paradigma, não é por si só uma filosofia ou religião, e assim sendo existem diversas correntes e modos de exercício deste estudo (como a Cabala Hebraica, Cristã, Hermética, Thelema, etc… – este trabalho é um arranjo de conceitos retirados destas visões). Exerce(u) forte influência na teologia, filosofia, medicina e outras ciências naturais, angariando nomes de respeito como Agrippa, Paracelsus, Henry Morus, Van Helmont, Blavatsky e Spinoza, dentre outros. Seu arcabouço encontra-se no Sepher Yetzirah, ou O Livro da Criação (‏ספר יזיר) e no Sepher Ha-Zohar, mais conhecido apenas por Zohar (‏זה), ou O Livro do Esplendor – ambos da tradição rabínica . O primeiro aborda a cosmologia física da criação do universo do modo que podia ser compreendida à época. O segundo trata mais especificamente de “Deus”, de espíritos, da alma humana e do verbo.

*Existem também fragmentos do Sepher Ha-Bahir (‏ספר הבהי) que é publicado quase sempre junto com o Zohar e do Siphra Dzeniutha, O Livro dos Mistérios.

 

Abreviando a introdução, a Cabala é o sistema que revela a criação do universo, e suas leis. O Sepher Yetzirah alude à 3 Trindades (Sepharim) que representam o Mundo Celestial ou Arquétipo (S’for – o número, a existência), o Mundo Estelar (Sippur – a palavra, o verbo manifestado, o Logos grego) e o Mundo Elemental (Sapher – a escrita, a criação), além do Mundo Terreno (Asiyah) e do próprio Deus.

Os mistérios são dissolvidos em 32 Caminhos: as 10 Esferas (Sephiroth, Sephirah no singular) e 22 Cartas.

As Esferas ilustram o processo de nascimento do universo, desde o 1º ato (O Espírito de Deus), passando pelos elementos (2º Ar; 3º Água; 4º Fogo), finalizando com as dimensões (5º Alturas; 6º Profundezas; 7º Leste; 8º Oeste; 9º Sul; 10º Norte). *atenção, não está na ordem dos Sephiroth.

 

To the ten Sephiroth there is no end, either in the future or in the past, either in good or in evil, either in height or in depth, either in the East or in the West, either in the South or in the North Aos dez Sephiroth não há nenhum limite, seja no futuro ou no passado, seja no bem ou no mal, seja nas alturas ou nas profundezas, seja no Leste ou no Oeste, seja no Sul ou no Norte.

 

Adolph Franck, The Kabbalah.

 

Assim do Espírito de Deus, de seu sopro, veio o Ar. Do Ar veio a Água. Da Água surgiu o Fogo. Do Fogo as Alturas e as Profundezas. E destas últimas o Leste e o Oeste, o Norte e o Sul. A citação de Franck revela que os Sephiroth revelam o Ayn Soph, o supremo conhecimento.

As Cartas se subdividem em 3 Cartas Mãe, Fundamentais; 7 Cartas Dúbias; e 12 Cartas Singulares. A bem da verdade, representam as letras do alfabeto hebraico (pela lenda, esta é a origem do alfabeto). Assim sendo, são 3 vogais, 7 semi-vogais e 12 consoantes. (As 22 Cartas do Tarô também surgem disto).

 

א

ב ג ד ה ו
 01 – Aleph (a)  02 – Beth (b)  03 – Ghimel (gh)  04 – Daleth (d)  05 – He (h)  06 – Vau (v, w)
ז ח ט י כ ך  ל
 07 – Zain (z)  08 – Cheth
(ch, kh, h)
 09 – Teth (t)  10 – Iod (y, i)  11 – Kaph
(k, kh, ch)
 12 – Lamed (l)
מ ם נ ן ס  ע פ ף צ ץ
 13 – Men (m)  14 – Nun (n)  15 – Samech (s)  16 – Ain (g)  17 – Pes
(p, ph, f)
 18 – Sade
(tz, ts, z)
ק ר ש ת
  19 – Koph (q)  20 – Res (r)  21 – Sin (sh, s)  22 – Tau (th, t)

 

Vermelho – Fundamentais. Azul – Dúbias. Preto – Singulares. Para visualizar as letras você precisa ter instalada em seu computador a fonte Lucida Sans Unicode.

 As três Fundamentais são uma balança, sendo Aleph o Ar, Men a Água e Sin o Fogo, com a primeiraentre as outras duas, equilibrando-as. Tudo foi criado a partir delas. Marco profundo da Santíssima Trindade. Repare também que Sin, o Fogo, é da mesma raiz que em inglês quer dizer “pecado”, enquanto Aleph, como na passagem “Eu sou o Alpha e o Omega”, é a virtude divina. Dizem alguns que Men é justamente o homem, entre o bem e o mal (raiz semelhante a man no inglês, homem português, etc…).

As sete Dúbias representam os pólos opostos do universo. Podendo representar tanto a sabedoria, riqueza, fertilidade, vida, domínio, paz e beleza; quanto a tolice, pobreza, esterilidade, morte, dependência, guerra e feiúra. (Tudo pela ordem). Também representam as 7 dimensões (Altura, Profundidade, Leste, Oeste, Norte e Sul) mas o local central, ponto base. Tal como os “sete planetas”, os sete dias da semana e os “sete portões” do homem (olhos, ouvidos, narinas e boca – engraçado que eles não consideram … é!). E ainda os sete céus, sete terras, sete mares, sete rios, sete desertos, sete semanas do Pentecostes, e os sete anos vezes sete do jubileu.

‏שִׁבְעָה כּוֹכָכִום בָּעוֹלָמ שַׁבְּתַי צֶדֶק מַאֲדִים חַמָּה‎

‏נגַהּ כּוֹכָב לְבָנָה שִׁבְעָה יָמִים בְּשָׁנָה שִׁבְעָה יְמֵי‎

‏הַשָּׁבוּעַ שִׁבְעָה שְׁעָרִים בְּנֶפֶשׁ זָכָר וּנְקֵבָה שְׁתֵּי‎

‏עֵינַיִם שְׁתֵּי אָזְנַיִם שְׁנֵי נֵקְכֵי הָאַף וְהַפֶה

The seven planets in the world are: as Saturn, Jupiter, Mars, Sun, Venus, Mercury, Moon. Seven days in the year are the seven days of the week; seven gates in man, male and female, are: two eyes, two ears, two nostrils and the mouth.

Sepher Yetzirah, cap. IV, sec. VII.

Podendo representar ambos os pólos do universo, o número sete e estas letras simbolizam Deus, o tudo, como o Tao, a força que harmoniza o Yin e o Yang (ao passo que Lúcifer é 6, o quase e o pretendente de sua onipotência, vejam neste mesmo alfabeto que 6 é transcrito como a letra Vau (v, w), por este motivo dizem ser a internet o símbolo do demônio, pois 666 = vau, vau, vau = www).

As doze Singulares representam os 12 signos, os 12 meses, os 12 órgãos, os interpontos cardeais (incluso altura e profundidade), 12 apóstolos… a simbologia é ampla.

OK, antes de aprofundarmos mais nas 22 Cartas, voltemos aos Sephiroth e, principalmente, aos mundos.

Guardem esta explicação:

 

Sephirah Atribuição Nome Divino Domínio (Original) Coro (Original) Anjo
Kether Alta Coroa Eheie Empíreo (Archas) Serafim (Seraphim Haiath) Metatron
Hochma Alta Sabedoria Jah Jehova Cosmo (Adoil) Querubim (Auphanim) Raziel
Binah Inteligência Tetragrammaton Saturno (Sabathai) Trono (Aralim) Tsaphkiel
Hesed Magnificência El Júpiter (Zedek) Dominação (Hasmalim) Tsadkiel
Giburah Medo Elohim Gibor Marte (Madim) Potestade (Seraphim) Camael
Tipheret Graça Eloha Sol (Hamina) Virtude (Malachim) Raphael
Netzach Vitória Adonai Sabaoth Vênus (Nogah) Principado (Elohim) Haniel
Hod Honra Elohim Sabaoth Mercúrio (Cocab) Arcanjo (Beni Elohim) Michael
Yesod Fundação Sadai Lua (Labana) Anjo (Cherubim) Gabriel
Malkuth Reino Adonai Melech Terra   –   A. Cadmon

 

Vimos logo de cara que a criação é dividida em quatro mundos principais, S’for, Sippur, Sapher e Asiyah englobados em três trindades de Esferas (Planos, Dimensões, etc…), onde o Asiyah (Malkuth, a Terra) e Kether, o supremo plano, ficam alheios. Logo:

Kether, a alta-coroa, não forma um ‘mundo’, sendo interpretado como a própria força motriz do universo (Deus, Demiurgo, Ancião dos Dias, Altíssimo, Cosmo, Caos, Ginnungagap, Kunitokotachi, Atma, Tao, Kundalini, Brahma, Fohat, etc.).

 

‏בִּשְׁלשִׁים וּשְׁתַּיִם נְתִיבוֹת פְּלִיאוֹת חָכְמָה הָקַק‎

‏יָהּ יְהוָֹה צְבָאוֹת אֱלהִׁים הַיִּים וּמֶלֶךְ עוֹלָם אֵל שַׁדַּי‎

‏רַחוּם וְחַנּוּן רָם וְנִשָּׂא שׁוֹכֵן עַד מָרוֹם וְקָדוֹשׁ שְׁמוֹ‎

‏וּבָרָא אֶת עוֹלָמוֹ בִשְׁלשָׁה סְפָרִים *בִּסְפָר וְסִפּוּ

Yah, the Lord of hosts, the living God, King of the Universe, Omnipotent, All-Kind and Merciful, Supreme and Extolled, who is Eternal, Sublime and Most-Holy, ordained (formed) and created the Universe in thirty-two 2 mysterious paths 3 of wisdom by three Sepharim, namely: 1) S’for ‏סְפָר‎; 2) Sippur ‏סִפוּר‎; and 3) Sapher ‏סֵפֶר‎ which are in Him one and the same. 

 

Sepher Yetzirah, cap. I, sec. I.

 

Binah-Hochma-Tipheret formam a Trindade Atziluth do Mundo Arquétipo (S’for).

Giburah-Hesed-Tipheret formam a Trindade Bariah, ou Briah, do Mundo Estelar (Sippur).

Hod-Netzach-Yesod formam a Trindade Yetzirah do Mundo Elemental (Sapher).

Malkuth forma o Reino da Terra (Asiyah, Assiah, ou Olam Hamotava).

Reparem que as duas primeiras trindades formam um prisma (o verbo), cujo vértice encontra-se em Tipheret. E este mesmo Sephiroth participa, junto da última trindade, de outro prisma (a matéria). Sendo assim a Terra a condensação destes dois elementos, o verbo, vida, e a matéria, carne, resultante em Adão Cádmon (אדם קדמוmais conhecido entre os otakus como o Adam Kadamon de Angel Sanctuary), o ser humano primordial, arquétipo. *Outras versões da Cabala, como a Hermética, dizem ser Sandalphon – que parece ser somente uma corruptela do nome, pois sua raiz ‘and’, ‘ander’, ‘andros’ quer dizer homem tal como ‘adâm’.

Analisando o prisma material temos: 

Tipheret – o Sol (fogo).

Netzach – Vênus (ar).

Hod – Mercúrio (éter).

Yesod – a Lua (água).

E, obviamente, Malkuth – a Terra (terra) como vértice. Somente para constar: Todos se encontram, astronomicamente, no interior da órbita da Terra. 

Ora, temos assim justamente o mesmo esquema elemental de mundos apresentado inicialmente como padrão de Saint Seiya. Aplicando com mais rigor a teoria do anime podemos pensar então que o quadrilátero da base do prisma material são os reinos palpáveis aos humanos, de sua compreensão, ou seja, o Reino dos Mortos (Hod – Éter), o Reino dos Demônios (Tipheret – Fogo), o Reino Marinho (Yesod – Água), e o Reino Celestial (Netzach – Ar). 

Mas, e quanto ao prisma verbal?

 

A Cabala Nórdica – Árvore da Vida Yggdrasil.

 

 

Para estendermos a compreensão sobre o assunto usaremos um esquema de outra Árvore da Vida que não a Cabala, a Yggdrasil nórdica.

 

I remember yet the giants of yore

Who gave me bread in the days gone by;

Nine worlds I Knew, the nine in the tree

With mighty rootz beneath the mold.

 

Eu lembro também dos gigantes de outrora

Que me deram pão em dias passados;

Nove Mundos eu conheci, os nove em uma árvore

Com fortes raízes sob a matriz.

 

Sturlusson, Voluspo, eIII. presente em A Edda Poética.

Esta árvore simboliza o universo e cada parte sua representa um mundo de diferentes entidades. De suas raízes à copa é percorrido todos os mundo inferiores aos superiores, estando ao centro e enrolada no tronco, Jormungard, a serpente da Terra (por vezes confundida com Midgard). Reza lenda que a raíz desta árvore é sustentada sobre um reino de fogo e calor, o Muspelheim (terra dos gigantes de fogo – clara alusão ao centro magmático da Terra), – estando ainda abaixo deste o abismo absoluto do Niflheim – e erguida por três raízes:

 

Three roots there are that three ways run

‘Neath the ash-tree Yggdrasil; 

‘Neath the first lives Hel, 

‘Neath the second the frost-giants, 

‘Neath the last are the lands of men.

Três raízes eram aqueles três caminhos percorridos

Sob a árvore-freixo Yggdrasil;

Sob a primeira vivia Hel,

Sob a segunda os gigantes de gelo,

Sob a última estão as terras dos homens. 

 

Sturlusson, Grimnismol, eXXXI. presente em A Edda Poética. 

A primeira raíz era o Helheim, morada da alva Morte, de seu fiel cão de guarda Garm e de numerosas serpentes. A segunda era Jotünheim, reino de gelo e água onde habitavam poderosos gigantes ao qual, seu degelo dera origem à vida na Terra, conforme a oitava estrofe do Voluspo (ora, dizem que a vida surgira da água…). E a última, mais elevada e ao centro, Midgardheim, o mundo dos homens.

No Grimnismol, Sturlusson prossegue ilustrando os ramos superiores com afinco, principalmente o último, Asgardheim, morada dos Deuses Ases (ou Aesires). Os outros são Ljossalfheim, terra dos altos-elfos ou elfos do ar e da luz; Svartalfheim, terra dos elfos-negros, sombras e aparições; e Vanaheim, terra dos Vanes (ou Vanires), deuses do mar.

*Sturlusson não nos deixa claro todos os mundos de Yggdrasil, somente caracteriza com detalhes oito deles, deixando suposições sobre o último, provavelmente Svartalfheim, ou Nidavellir, mundo sombrio das profundezas e dos anões, todo modo a nomenclatura não altera a sistemática proposta. 

 

 

 

Nesta imagem vemos alguns dos mundos da tradição das antigas Sagas. Percebam que este esquema apresenta altura e profundidade em uma clara dualidade de pureza/corrupção no contraste entre os reinos superiores e inferiores. Enfim, assim temos novamente os elementos, Fogo, Água (Gelo), Ar e, conseqüentemente, Éter (em Svartalfheim). 

Tudo isto nos permite a seguinte comparação:

 

 

Está então ordenado o prisma verbal da cabala hebraica como sendo envoltos e adjacentes, extensões mais puras dos primeiros, ou em termos específicos, incompreensíveis a razão humana, ou ainda em termos de Saint Seiya, territórios do 9º Sentido, por classificação meramente mitológica.

Por conseguinte:

– Kether = Ginnungagap

Prisma Verbal

Prisma Material

– Hochma = Asgardheim; 

– Binah = Niflheim;

– Hesed = Vanaheim;

– Giburah = Helheim;     

– Tipheret = Muspelheim; 

– Hod = Svartalfheim;

– Netzach = Ljossalfheim;

– Yesod = Jotünheim;    

– Malkuth = Midgardheim

 

Contudo, por que motivos tal atribuição? Por revelação da própria cabala, vejamos aqueles 22 Caminhos por entre os Sephirah. 

 

 

Os Caminhos da Cabala

O Caminho… que liga…
01 – א – Aleph – O Bem

02 – ב – Beth – O Mal

03 – ג – Ghimel – Influxo da Santíssima Trindade

04 – ד – Daleth – Caminho da Sabedoria e Luz

05 – ה – He – Águas da Divina Piedade

06 – ו – Vau – Complacência, Piedade

07 – ז – Zain – Fogos da Divina Justiça

08 – ח – Cheth – Rigor, Punição

09 – ט– Teth – Justiça e Piedade

10 – י– Iod – Forças da Direita

11 – כ – Kaph – Preceitos Positivos da Lei

12 – ל – Lámed – Forças da Esquerda

13 – מ – Men – Preceitos Negativos da Lei

14 – נ – Nûn – A Menorá

15 – ס – Samech – Criação

16 – ע – Ain – Conservação

17 – פ – Pes – Vitória e Honra

18 – צ – Sade – Signos

19 – ק – Koph – Imagens da Terra (Virtudes)

20 – ר – Res – Destruição

21 – ש – Sin – Imagens da Terra (Pecados)

22 – ת – Tau – Morte (e Vida)

Kether (Deus, Tao, etc) à Piedade (Caminho 6).

Kether (Deus, Tao, etc) ao Rigor (Caminho 8).

Kether (Deus, Tao, etc) à Tipheret (Muspelheim).

Hochma (Asgardheim) à Binah (Niflheim).

Hochma (Asgardheim) à Tipheret (Muspelheim).

Hochma (Asgardheim) à Hesed (Vanaheim).

Binah (Niflheim) à Tipheret (Muspelheim).

Binah (Niflheim) à Giburah (Helheim).

Hesed (Vanaheim) à Giburah (Helheim).

Hesed (Vanaheim) à Tipheret (Muspelheim).

Piedade (Caminho 6) à Netzach (Ljossalfheim).

Giburah (Helheim) à Tipheret (Muspelheim).

Rigor (Caminho 8) à Hod (Svartalfheim).

Netzach (Ljossalfheim) à Tipheret (Muspelheim).

Yesod (Jotünheim) à Tipheret (Muspelheim).

Netzach (Ljossalfheim) à Yesod (Jotünheim).

Netzach (Ljossalfheim) à Hod (Svartalfheim).

Hod (Svartalfheim) à Tipheret (Muspelheim).

Malkuth (Midgardheim) à Netzach (Ljossalfheim).

Hod (Svartalfheim) à Yesod (Jotünheim). 

Malkuth (Midgardheim) à Hod (Svartalfheim).

Malkuth (Midgardheim) à Tipheret e Yesod.

Tentarei não complicar o que já é por demais complicado. A cabala, como viram até agora, abrange uma gama de dogmas e ensinamentos não só do judaísmo, é possível encontrar vestígios de inúmeras religiões e mitologias antigas e sistematizá-las em um grande conceito. Para fixar melhor os dados e facilitar a compreensão disponibilizarei aqui uma grande coletânea de sinônimos para estes ‘mundos’ em cada uma das principais mitologias (por enquanto ainda incompleta, mas amplamente viável para consultas).

  Gnóstica Teosófica Abraâmica Greco-Rom. Nórdica Nipônica Hindu Egípcia Mesopot. Celta
Kether Archas Altíssimo Cosmo Caos Ginnungagap Kunitokotachi Atma      
Hochma Adoil Firmamento Empíreo Olimpo Asgardheim Takamanohara Meru     Ynnis Witryn
Binah Sabathai Saturno Abismo Tártaro Niflheim Sokunokumi Yama Ament Nergal  
Hesed Zedek Júpiter Jahannan Atlântida Vanaheim Kaikai Arnava     Lyonesse
Giburah Matim Marte Sheol Hades Helheim Yominokumi Buvana Am Tuat Ereshkigal  
Tipheret Hamina Sol Inferno Érebo Muspelheim Makai     Irkalla  
Netzach Nogah Vênus Céu Hiperbória Ljossalfheim Tenkai Mandara   Pardes Tir-Tairngiré
Hod Cocab Mercúrio Gehenna Asfódeles Svartalfheim Meikai     Dilmun Annwyn
Yesod Labana Lua Jannah Hespéria Jotünheim Kaikai Bhuvas     Hy-Breasail
Malkuth   Terra Terra Gaia Midgardheim Sekai Bhu     Byth/Tir-Nambeo
  Chinesa Asteca Inca Maia Eslava Altaica Negra Vermelha Esquimó Zen
Kether                   Tao
Hochma   Tonatiuhican              Nirvana
Binah Ti-tuh       Mitlan           Samsara
Hesed         Aztlan            
Giburah Feng Du   Uca Pacha Xibalba Irij Tuonela Guinee Shipap Adlivun Neraka
Tipheret                    Lanka
Netzach                    Paranirvana
Hod Dez Infernos   Metnal Aizsaule   Ekera      
Yesod                      
Malkuth                    

 

A Cabala retrata especialmente o destino do Homem, de Malkuth à Kether, da Terra à Deus, do Microcosmo ao Macrocosmo. Estes caminhos são todos atalhos que, hora menos hora, realizarão este fado.

Pois bem, Kether (lembrem-se que seus sinônimos são inúmeros) compreende tudo, de seu domínio surge o Bem e o Mau dado ao homem em livre arbítrio como caminhos que ele por ventura possa escolher (a alegoria da árvore do bem e do mal na bíblia é a mesma cabala), contudo, não importando que caminho possa escolher, ambos conduzirão à Deus, cedo ou tarde (dogma problemático este para a igreja e algumas outras religiões desta vertente, mas continuemos), tal como os budistas, hinduístas e espíritas acreditam. 

De Kether, do Tao, surge a força harmonizadora do Yin e do Yang, do Bem e do Mal, a terceira via das doutrinas budistas, representado pelo 3º Caminho (Ghimel) ligado à Tipheret. Este Sephiroth é o que apresenta mais caminhos que partem de e chegam a si. E assim deixaremos para o explicar com o andamento da teoria. 

O quarto caminho entre o Hochma e Binah, entre o Olimpo e o Tártaro, ou melhor, entre o Paraíso e o Inferno é a Luz e a Sabedoria e inicia o prisma verbal. Como diria Shaka, a maneira mais fácil de cair ao inferno é pelo próprio paraíso, ou seja. A Sabedoria leva à Luz, ao mesmo tempo que à perdição (É o caso do anjo caído Samael, vulgo Lúcifer, o portador da luz).

O sexto e oitavo caminhos são extensões de suas respectivas características. O caminho do rigor liga a inteligência (Binah) ao medo (Giburah) enquanto a piedade liga sabedoria (Hochma) a magnificência (Hesed). Ou seja, seja pelas agruras do inferno, por medo e malícia, pelo fogo da justiça divina (simbolizado pelo sétimo caminho) ou pela bondade do perdão e do arrependimento, pelas águas da piedade divina (simbolizada pelo quinto caminho) a humanidade alcançará seu destino. O mesmo pode ser dito para o décimo e duodécimo caminho, forças da esquerda e da direita representam fatores que não são nem bons nem maus, sem dotes de moral e valor, contudo são antagônicos e somente compreendidos pelo nono caminho, o da Justiça aliada a Piedade, ou seja, ao bom legislador. Eis o término dos caminhos do prisma verbal.

Chegamos à Tipheret. O Domínio do Fogo (Muspelheim), alusão ao Sol e ao Inferno. Centro da Cabala, da Geometria e da Simetria, e assim sendo, possuí atributos ambíguos. Enquanto parte do prisma verbal retrata o fogo santo, o fogo da centelha divina, o ANIMA MUNDI da vida. Enquanto parte do prisma material representa o fogo das paixões tão características as emoções humanas, e daí todas as suas vicissitudes. Recebe de Hochma, do paraíso, as águas da piedade, enquanto de Binah, o fogo do inferno (abismo, pois já é um) e da justiça divina. 

Seu reino elemental do fogo conduz ao padecimento do espírito (Giburah – Hel, Hades, etc…) pelo duodécimo caminho ou a reencarnação (Hesed – Vanaheim, Reino Marinho, águas da purificação antes do renascimento) pelo décimo. Também une-se aos outros três mundo materiais elementares.

Pelo décimo quinto trajeto a centelha divina é adicionada ao Reino da Fundação, Yesod (Elemento Água), ou seja, o sopro divino é catalisado por este elemento para a criação (justamente como vemos nas experiências químicas que tentam reproduzir a Terra de bilhões de anos atrás com oceanos de proteínas e aminoácidos, coacervados e etc)… Confesso que pelo que estudei até o momento não compreendi muito bem a simbologia a que se referem os caminhos dos Signos e da Menorá (que é um candelabro sagrado de sete velas dos judeus – pelo que sub-entendo deve-se referir a Lei e a prevenção dos sete pecados). 

Todo modo, sendo vias de mão-dupla como todas as outras sua importância se encontram no fato de se unirem a Hod (antecâmara do Hades, inferno denso e material de éter) e Netzach (rejubilo e paz espiritual no ‘primeiro céu’), vistos que estes se unem a Yesod pelos caminhos dezesseis e vinte (a destruição e a conservação). Digo, reparem no prisma de uma das imagens anteriores, é que são inversamente proporcionais, ou seja, Tipheret é ligado à Yesod pela criação, e Yesod ligado aos outros dois pela destruição e conservação, desta maneira Tipheret também o deve ser, mas por vias invertidas. (Hod ligado à Tipheret pela conservação, ou ao menos preceitos e Netzach ligado à Tipheret pela destruição, ou ao menos sua recordação de cuidado representada justamente pelo Menorá).

Netzach (paraísos materiais) e Hod (infernos materiais) são ligados diretamente aos caminhos da Piedade e Rigor pelos trajetos onze e treze, assim entrelaçando cada um em uma ramificação destinada aos paraísos e infernos verbais (cósmicos, transcendentais, tais como o nirvana e o samsara). E também ligados entre si pelo caminho da vitória e da honra (ou glória), o que retrata a confusão que estas duas emoções podem causar à noções morais – para uns manter sua honra é vital e absolutamente louvável, mas a custo de que? humilhar-se as vezes em detrimento da vitória e da honra revela-se como um verdadeiro caráter digno, todavia uma vida desgarrada e desonrada não possui a menor estima, por isso tal união entre os dois reinos. 

Enfim, só nos resta tomarmos os caminhos que partem de e levam à Malkuth, a Terra. No caminho 22 ao chegar é a vida, nascente e vigorosa, no sentido de Yesod (centelha divina + água) para Malkuth (onde receberá o períspirito de Hod e o sopro divino de Netzach), ao partir é a morte, julgadora e pueril, no sentido de Malkuth para Tipheret. Contudo esta é, por assim dizer, uma morte neutra (não tão densa em pecados e virtudes) cujo espírito reencarnará posteriormente em Hesed ou receberá seu devido quinhão em Giburah (ambos pós passagem em Tipheret). Outros dois caminhos partem com a morte de Malkuth, um para Netzach, paraíso material, outro para Hod, inferno material (de éter, bom lembrar – quando assim o digo, o inferno do próprio espírito, composto de éter).  

A Evolução ou Destino na Roda dos Mundos.

 

 Vimos a Cabala até agora no sentido horizontal e de seus caminhos, porém agora, seguindo o budismo, por exemplo, vejamos o sentido vertical. De baixo para cima se verá a trajetória rumo a mundos cada vez menos densos e materiais, cada vez mais próximo de Deus e seus inúmeros nomes. O caminho da direita, Jaquin, o Pilar * da Misericórdia, leve e suave; o caminho da esquerda, Boaz, o Pilar da Severidade, justo e pesado; e o caminho do meio, chamado Balança, aquele sem apego algum as paixões, nem as boas nem as ruins. O sentido inverso revelará o nascimento do homem e de todos os seus atributos.

*Alusão aos dois principais pilares do Templo de Salomão, conforme 3Rs 7, 21; 2Par 3, 17; Jer 52, 22. Lido da direita para a esquerda temos Jaquin Boaz, ou seja “Ele [Deus] estabeleceu [o Templo] solidamente”.

 

Tanto de acordo com as os conceitos cabalistas quanto com os modernos teosofistas e rosa-crucianos estes caminhos também revelam a composição da vida humana e até que ponto cada um de seus ‘componentes’ pode atingir nesta ‘evolução’ pelos ‘mundos’.

   

In him, as in the Divine self, there is a trinity in unity, viz.: 1, The Neshama (spirit); 2, Ruach (soul); 3, Nephesh (the sensuous or animal life), intimately related to the body and dissolving when it, the body, dies. 

The Nephesh never enters the portals of Eden or the celestial Paradise. Besides these elements in us, there is another representing an idea or type of the person which descends from heaven at the time of conception. It grows as we grow, remains ever with us, and accompanies us when we leave the earth. It is known as our ycchidah, or principle of our individuality. 

 

Nele [no homem], como no Ego Divino, há um trindade em unidade, vista: 1, O Neshamah (espírito); 2, Ruach (alma); 3, Nephesh (a vida sensual ou animal – instinto), intimamente relacionado ao corpo e dissolvido quando ele, o corpo, morre. 

O Nephesh nunca entra nos portais de Éden ou o Paraíso celestial. Além destes elementos em nós, há outro representando uma idéia ou tipo de pessoa que desce de céu na hora de concepção. Cresce enquanto crescemos nós, permanecendo conosco, e nos acompanha quando nós deixarmos a terra. É conhecido como nosso Ycchidah, ou princípio de nossa individualidade. 

 

Nurho de Manhar, Sepher Ha-Zohar, Prefácio.

 

Além destes também há uma unidades mais superior, o Chiah, a Força de Vida – em termos mais aproximados, o Cosmo interior. E fora do indivíduo, mas em constante contato, existe o Jechidah, ou o Cosmo exterior. 

 

Thelema, filosofia ou seita que agrega um panteão de conceitos antigos de origens diversas (tal como a Teosofia e a Rosa-Cruz) desenvolvida principalmente por Eliphas Levi e Aleister Crowley no livro Liber 777 para a sociedade secreta A.A. (Austrum Argentum). Ela difere em alguns pontos da Cabala Hebraica e das demais Cabalas pois exclui toda a dualidade dos Sephiroth para um ramo alheio, o Qlippoth, também de dez esferas, ligados ao primeiros pelo Sephirah Daath, a morte, que se encontra obscuro no centro do quadrilátero do primeiro prisma. Clique sobre a imagem para ver o diagrama com o Sephirah secreto.

Este é um esboço da parte teórica da Cabala como vista no Yetzirah e no Zohar. Permitam-me agora um pequeno a parte sobre as aplicações praticas decorrentes da Cabala. Basicamente são duas, a Exegética (práticas de desmistificação de significados ocultos) e a Taumatúrgica (exercícios de ritos mágicos e sobrenaturais). 

A doutrina exegética é fundada na teoria de que Moisés recebera de Deus no Sinai as chaves necessárias para poder desvendar os mistérios escondidos por detrás de cada mínima letra da Cabala e do Pentateuco. Estas chaves chegaram à modernidade como sendo a Gematria, o Notarikon e o Temura.

 Gematria se trata do valor numérico e do poder das letras, suas formas e as vezes sua posição em determinadas palavras. Uma análise aritmética e figurativa que deu origem a, por muitas vezes charlatã, numerologia. 

Notarikon é quando uma letra significa algo por inteiro ou uma pessoa, uma abreviação. E quando junta de outras, formam novos sentidos e significados. 

Temura é a permutação das letras, a troca de posição através de alguns métodos combinatórios, os mais famosos são o Athbash e o Albam (que possuem estes nomes justamente por começarem a seqüência de inversão com estas letras):

  

Athbash
Aleph (a) Beth (b) Ghimel Daleth He Vau Zain Cheth Teth Iod Kaph
Tau (th) Sin (sh) Res Koph Sade Pes Ain Samech Nûn Men Lámed
Albam
Aleph (a) Beth (b) Ghimel Daleth He Vau Zain Cheth Teth Iod Kaph
Lámed (l) Men (m) Nûn Samech Ain Pes Sade Koph Res Sin Tau

 

Pois bem, agora voltemos aos quatro mundos principais da Cabala, Atziluth (אצילות), Briah (בריאה), Yetzirah (יצירה) e Asiyah (עשיה). Cada um compõe uma letra hebraica do nome sagrado de Deus, o Tetragrammaton, que conhecemos pela alcunha de Javé (JHVH, יהוה) identificado por estes sistemas de Gematria, Notarikon e Temura.

A a numerologia do algarismo 4, presente como já vimos desde os 4 mundos exteriores de Saint Seiya, é cada vez mais constante nestes conceitos pois revelam a união cósmica de toda a matéria, dos quatro elementos alquímicos mais o Éter, o elo de união, representado principalmente pelo Selo de Salomão e também pelo Homem Vitruviano, de Leonardo Da Vinci. 

O quinto elemento, Éter, força de união ou espírito, também se faz presente, ao lado dos demais elementos, nas tradições hinduístas contidas no Vishnu Purana, onde os Tatwas (cinco elementos) são assim representados:

Vayu – O Círculo Azul (ar).

Apas – O Crescente Prateado (água).

Agni – O Triângulo Vermelho (fogo).

Prithivi – O Quadrado Amarelo (terra).

Akasa – O Ovo Negro (espírito).

Também temos algo semelhante entre os gregos. Platão em Timeus (56s) discorre sobre estes mesmos quatro elementos. 

 

“E o fato de serem considerados os elementos como símbolos estabelece uma ligação entre a astrologia e a antiga doutrina dos grandes filósofos (Pitágoras, Empédocles, Platão, Aristóteles…), segundo a qual os diversos fenômenos da vida estão sujeitos às manifestações dos elementos, que determinam a essência das forças da natureza”.

 

CHEVALIER, Jean. Dicionário de Símbolos. 

 

Aqui vemos claramente a relação cósmica, astral, kármica, estão engendrados com a concepção de Saint Seiya. Os Elementos, Os Mundos, Os Astros, exercem poder no destino de todo ser vivo. 

 

Se os signos regem o ser humano, as constelações os Cavaleiros, por sua vez os signos e constelações são regidos pelas forças elementais. Por isso da tradição astrológica do agrupamento dos signos em:

Fogo: Áries, Leão, Sagitário;

Água: Câncer, Escorpião, Peixes;

Ar: Gêmeos, Libra, Aquário;

Terra: Touro, Virgem, Capricórnio.

Éter: A cadeia de união e alternância entre os 12 signos.

O porquê da classificação ser desta forma se encontra nos já citados, Gematria, Notarikon e Temura. O espírito (Éter) combinado a cada um destes elementos conduz ao que Paracelsus chama de Espírito ou Gênio do Fogo (Salamandras), da Água (Ondinas), do Ar (Sílfides) e da Terra (Gnomos).

  

“Cada um deles surgiu da combinação de dois princípios primordiais: a Água procede do Frio e do Úmido; o Ar do Úmido e do Quente; o Fogo do Quente e do Seco; e a Terra do Seco e do Frio. [e como visto, tal como Platão afirmara, não são irredutíveis entre si, ao contrário, transformam-se uns nos outros]. Cada um deles é representativo de um estado: líquido, gasoso, ígneo e sólido. E a cada um deles está assimilado um conjunto de condições dadas à vida, e isso numa concepção evolutiva, na qual o desenrolar do ciclo tem início com o primeiro elemento (água), para terminar com o último (terra), passando pelos termos intermediários. Assim tem-se uma ordem quaternária da natureza, temperamentos e etapas da vida humana: inverno, primavera, verão e outono; da meia-noite à aurora, da aurora ao meio-dia, do meio-dia ao poente, do poente à meia-noite; linfático, sangüíneo, bilioso, nervoso; infância, juventude, maturidade, velhice; formação, expansão, culminação, declínio, etc. As operações da alquimia, da astrologia e das disciplinas esotéricas repousam na base desses valores universais“.

 

CHEVALIER, Jean. Dicionário de Símbolos. 

Céus e Infernos

 

Já vimos que por uma visão da Cabala existem paraísos e infernos materiais e verbais. Em Saint Seiya podemos subentendê-los (não ao pé da letra, somente de modo geral) como Elíseos (paraíso material de ar) e Olimpo (paraíso verbal de ar); Hades (inferno material de éter, espíritos) e Tártaro (inferno verbal de éter) – Também havendo no filme de Lúcifer menção ao inferno material de fogo (o Inferno dos cristãos, Muspelheim dos nórdicos). 

* Não são interpretados ao pé da letra, pois miticamente na Cabala o Elíseos é um dos 22 Caminhos entre os Sephiroth. Justamente como um plano entre o mundo infernal e material de éter (Hades) e o mundo celeste e verbal de ar (Asgardheim, Olimpo, etc). Ao passo que Hiperbória tomaria seu lugar na interpretação.

Kurumada, apoiando em Dante (ver aqui), desenvolvera a geografia do Hades. E da mesma forma que este inferno é subdividido em inúmeros outros, o mesmo acontece com as demais esferas, todas sob a mesma regência dos Sephiroth. *Originalmente o inferno de Dante é dividido em 9 Círculos, mais o centro em Lúcifer – tal como Deus é o centro de Kether no paraíso.  

 

Inferno Verbal de Éter – Giburah (somente alguns quadros)

 Tradição Cristã
– Inferno 
 Tradição Hebraica
– Sheol
 Tradição Islâmica
– Ha
wiyah
 Tradição Budista
– Neraka
Kether Lúcifer Shaitan Iblis 10º Palácio (saída)
Hochma 9º Círculo שאול Sheol (sepulturas) Háwiyah (aos ateus) 9º Palácio
Binah 8º Círculo שאול Sheol (sepulturas) Háwiyah (aos ateus) 8º Palácio
Hesed 7º Círculo אבדון Abaddon (perdição) Jahim (aos pagãos) 7º Palácio
Giburah 6º Círculo בארשחת Bar Shachath (barro) Sakar (aos guebres) 6º Palácio
Tipheret 5º Círculo טיטהיון Titahion (covas) Sa’ir (aos sabianos) 5º Palácio
Netzach 4º Círculo שערימות Shaarimoth (portões) Hutamah (aos judeus) 4º Palácio
Hod 3º Círculo אלמות Tzelmoth (sombras) Laza (aos cristãos) 3º Palácio
Yesod 2º Círculo גיהנם Gehinnom (inferno) Jehannum (aos islâmicos) 2º Palácio
Malkuth 1º Círculo גיהנם Gehinnom (inferno) Jehannum (aos islâmicos) 1º Palácio
 Tradição Nipônica
Yomi 
 Tradição Egípcia
– Am Tuat
 Tradição Thelema
Qlippoth
  
Kether Yomotsuoto (Izanami) Kheper (Kekiu-Khau-Mest) Thaumiel תאומיאל (Satan)  
Hochma Fushikazuchi Re-en-Qerert-apt-Khatu  Ghagiel עוגיאל  
Binah Naruikazuchi Metet-Qa-Utchebu  Satariel סאתאריאל   
Hesed Tsuchiikazuchi Best-aru-Ankhet-Kheperu  Gha’agsheklah גצסכאה  
Giburah Wakiikazuchi Tebat-Neteru-s  Golachab גולחב   
Tipheret Sakaikazuchi Tephet-Shetat  Thagirion תגרירון  
Netzach Kuroikazuchi Ament-Metchet-Nebt-Tuat A’arab Zaraq ערב זרק  
Hod Honoikazuchi Ankhet-Kheperu Samael סמאל  
Yesod Ohoikazuchi Net-Neb-ua-Kheper-aut Gamaliel גמיאל  
Malkuth Yomotsu Hira Saka Maati-Netra-Urnes Lilith לילית  

 

Paraíso Material de Ar – Netzach (somente alguns quadros)

 Tradição Cristã
– Inferno 
 Tradição Hebraica
– Sheol
 Tradição Islâmica
Dar al-Jalai
Kether Cristalino ראשית Kuchavim (Zodíaco) Alah
Hochma Firmamento מזלות Muzaloth (Estações) Dar al-Jalai (casa da glória – pérola)
Binah Saturno ערבות Arabath (Abençoados) Dar al-Jalai (casa da glória – pérola)
Hesed Júpiter זבול Zebul (Morada) Dar as-Salam (casa da paz – rubi)
Giburah Marte מעון Maon (Residência) Jannat al-Maawa (jardim das mansões – jacinto)
Tipheret Sol מכון Makhon (Posição) Jannat al-Khuld (jardim da eternidade – coral)
Netzach Vênus שחקים Shechaqim (Núvens) Jannat al-Naim (jardim dos desejos – diamante)
Hod Mercúrio רקיע Raquia (Firmamento) Jannat al-Firdaus (jardim do paraíso – ouro)
Yesod Lua תבל וילון שמים Tebel Vilon Shamaim
(Véu da Abóbada)
Dar al-Karar (casa perpétua – pérola vermelha)
Malkuth Jardins do Éden חלם יסודות Gan Eden Jannat al-‘adn (jardim do Éden – almíscar)

Paraíso Verbal – Asgardheim (somente exemplo das tradições cristã-hebraicas/gnósticas/teosóficas)

O que estes quadros e este diagrama representam é que, pela doutrina da Cabala, não importando a religião, todos os infernos e paraísos de diferentes mitologias e religiões são uma mesma dimensão – conforme sua ordem nos Sephiroth. Kurumada ao criar seu Hades eliminou um círculo do inferno, deixando somente 8, devido a tradição nipônica que assim os entendia. Todo modo, ainda assim nesta mitologia estão presente 9 infernos, contabilizando claro o Yomotsu – portão de entrada ao Mundo de Yomi, uma espécie de antecâmara tal como o Limbo na Divina Comédia.

SERIAM OS DEUSES AST… DIGO, OS MESMOS EM TODA MITOLOGIA?

Uma grande conseqüência isto tudo poderia trazer para o entendimento de divindades e mundos na trama de Saint Seiya. O que aconteceria com os diferentes mundos equivalentes das diferentes mitologias? Se são um mesmo mundo, seus deuses diferentes coabitariam em um mesmo móbile? Ou estes deuses equivalentes não seriam tão diferentes assim um do outro, sendo talvez a mesma entidade?

Em termos antropo-históricos vemos que na verdade a última pergunta levaria a uma resposta mais coerente. Estudos mostram que nas línguas indo-européias os nomes das divindades nos diferentes povos desta etnia possuem raízes em comum, quase sempre encontradas no sânscrito, mais antigo exemplar deste ramo. Ou seja, em certo momento de um passado remoto esta etnia, enquanto ainda era unificada e compartilhava de um mesmo território, possuía naturalmente uma mesma ‘convicção’ ou tradição, que foi passada as gerações vindouras, que se dispersaram pela Ásia e Europa modificando-se lentamente e adaptando-se as circunstâncias locais. 

Por exemplo: Jeová, Javé / JHVH / Japhet / Japetos / Júpiter / Iu-pater. Temos aqui até mesmo uma língua de origem semita (não indo-européia), mas o que mostra a influência da região sobre a tradição (os hebreus estavam rodeados de jafetitas, ou seja, indo europeus). Todos estas palavras representam grandes deuses ou patriarcas (Jafet, filho de Noé que deu origem aos indo-europeus de acordo com a bíblia) e justamente todas significam “MEU PAI”.

Outro fato digno de relevância que margeia esta interpretação são as inúmeras ‘coincidências’ entre diversas mitologias de uma mesma etnia raiz, e em algumas vezes, mesmo tradições longínquas, como os Maias – que indubitavelmente retém traços de herança cultural fenícia, talvez por contato culturais marítimos, e que inclusive apresenta sua lenda cosmogônica como “deuses que chegaram do oriente vindos em grandes naves sobre o mar” (Blavatsky, A Doutrina Secreta). 

Deuses que chegam em grandes naves também é tema de Erich von Daniken, autor de “Eram os Deuses Astronautas?” e de “Sim, Eram os Deuses Astronautas” – cuja tese em si (de protocultura) não abordarei aqui, somente os vestígios que interpreta como sendo comuns a todas as principais mitologias antigas, as mesmas lendas coincidentes em todas estas, cuja mais preponderante é a do Dilúvio. 

Os egípcios, os hindus, os gregos, os hebreus, os mesopotâmios, os chineses, os maias, os nórdicos… (se não estiver esquecendo-me de outros) Todos estes possuem um mito absolutamente idêntico em uma gama de pontos, onde podemos trocar somente o nome de seus heróis principais e ainda assim é perfeitamente legível sua interpretação. Em uns é um marco do recomeço, outros é o próprio começo (criação do mundo nórdica do degelo do Ártico). Dizem os semiologistas que são somente uma redundância da criação divina, visto que esta se deu em todas as tradições pela própria água (a repetição é a melhor forma de dogmatização de um ensinamento). 

Outro mito muito peculiar é o da criação do universo. Praticamente todos começam retratando o nada, o caos ao príncipio, um demiurgo ou força motriz eterna, e enfim a criação (sempre derivada de uma simbologia com o elemento água) que culmina na aparição não somente do homem, mas da tribo em si a que se refere a lenda. Uns parecem retratar o surgimento do universo tal qual o nascimento do próprio homem, são assim espelhados em um fator natural. Outros apegam-se a circunstâncias temporais, como estações, dia-noite, migrações, etc… 

 

“[A teogonia] tem sua origem nas longíquas recordações transfiguradas em mitos, ou nos arquétipos da consciência coletiva, ou em uma dramaturgia das paixões humanas. São numerosas as tentativas de explicação. Uma das mais recentes, a de Paul Diel (Le symbolisme dans la mythologie grecque), faz corresponder as três gerações de deuses, as de Urano, Cronos e Zeus, aos três níveis de desenvolvimento da consciência: o inconsciente, o consciente e o supraconsciente. Uma outra, de André Virel (Histoire de notre image), vê nestas três gerações um símbolo do desenvolvimento individual e social: uma primeira etapa de proliferação caótica e desordenada [tal como as forças da terra], rica em ambivalências; uma parada brutal do crescimento; uma retomada do progresso, sob o signo da organização. Em suma, uma vitalidade explosiva; uma separação decisiva das ambivalências; uma integração dos opostos, através da ordenação e de sua ultrapassagem, fonte de progresso continuo”.

 

 Chevalier, Jean. Dicionário Mitológico.

 

Todo modo e genericamente suas divindades apresentam quase sempre um mesmo plano utilitário ou representativo das leis terrenas, são assim arquétipos reflexivos com atributos ou entendimentos humanos (deuses do amor, guerra, sol, lua, etc…).

Outro ponto de ligação entre estes mitos antigos é a concepção de pós-vida, ou de outro-mundo. Até mesmo doutrinas que não pregam a existência material de vidas e mundos deste gênero possuem equivalentes no que tange a libertação da alma (Maya, Samsara, Karma, Nirvana, Paranirvana, etc…). Zigurates foram erguidos, técnicas de embalsamento 

Classicamente os filhos de Noé simbolizam as grandes etnias classificadas na modernidade. Jafé teria dado origem aos indo-europeus (conhecidos também como arianos). Cam, ou Ham (conhecidos como camitas ou hamitas), teria dado origem, não aos negros como foi muito apregoado antigamente por generalização, mas sim aos norte-africanos. Tal grupo é tido hoje em dia como pertencente a etnia dos afro-asiáticos, que se estendem desde o Oriente Próximo até a Mauritânia (os negros propriamente ditos são das etnias niger-khordofariana e khoisan, mais ao sul do continente). Por fim Sem teria dado origem a outro ramo dos afro-asiáticos, os bem conhecidos semitas, incluso árabes.

Vejamos então os povos originados de acordo com estudos clássicos. Cabe dizer que não necessariamente são descendentes de sangue, mas muitas vezes povos conquistados e vassalos (o que explica discrepâncias etno-lingüísticas, totalmente históricas, assim, os hititas, indo-europeus, aqui aparecem classificados como cananeus por uma taxiologia mais geográfica que étnica). 

Jafé teve por filhos:

* Gomer – Deu origem aos celtas (incluso gálatas) e germanos (da Criméia).

* Magog – Deu origem aos citas do norte do Cáspio, urálicos e tócaros.

* Madai – Deu origem a alguns povos persas (medas) e indianos.

* Javan – Deu origem aos helenos das ilhas mediterrâneas.

* Tubal – Deu origem a povos do sul da Anatólia.

* Mosoc – Deu origem aos armênios.

* Tiras – Deu origem aos helenos continentais.

Gomer teve por filhos:

* Ascenez (Asquenez) – Deu origem aos anatólios centrais.

* Riphat (Rifat) – Deu origem aos eslavos e, posteriormente, bálticos.

* Togorma – Deu origem aos caucasianos.

Javan teve por filhos:

* Elisa – Deu origem aos romanos.

* Tarsis – Deu origem aos ibéricos.

* Cetim – Deu origem aos cipriotas.

* Dodanim (Rodanim) – Deu origem aos ilírios, macedônios e albaneses.

Tais nomes então não devem ser encarados como próprios, e sim significantes de nações, como aparecem dezenas de vezes no restante da bíblia, onde por exemplo Magog é a palavra referida a todos os estrangeiros, e muitas vezes como povos de outros continentes (provavelmente referindo-se a toda a raça de Jafé, que foi colonizadora de todos os continentes).

Cam teve por filhos:

* Cus (Cush) – Deu origem aos etíopes.

* Mesraim (Misraim) – Deu origem aos egípcios.

* Fut (Phut) – Deu origem aos líbios.

* Canaã – Deu origem aos fenícios.

 Cus teve por filhos:

* Saba – Deu origem aos povos do Alto Egito, núbios.

* Hevila (Evila/Evilat) – Povos que habitavam onde hoje é a Costa do Sudão.

* Saba (Shaba) – Povos que habitavam onde hoje é o leste da Arábia.

* Sabata (Shabatah) – Povos que habitavam onde hoje é o leste da Arábia.

* Regma – Deu origem aos povos que habitavam onde hoje é o Qatar.

* Dadan – Deu origem aos povos que habitavam onde hoje é os EAU.

* Sabataca – Deu origem aos somalis.

Mesraim teve por filhos:

* Ludin – Deu origem os lídios (que habitavam a Palestina).

* Anamin – Deu origem aos anameus do Sinai e Palestina.

* Laabin – Deu origem aos povos do Noroeste do Egito (não líbios).

* Neftnin – Deu origem aos povos da costa egípcia do Mar Vermelho.

* Fetrusin – Deu origem aos povos do Baixo Egito.

* Casluim – Deu origem aos povos do Delta do Nilo.

* Casturim (Caftoreu) – Deu origem aos cretenses antigos. Estes, por sua vez, deram origem aos filisteus da Palestina.

Canaã teve por filhos os povos da Palestina bíblica.

* Sidon – Deu origem aos libaneses (Sidon, Tiro, etc…).

* Het – Deu origem aos heteus (hititas).

* Jebus – Deu origem aos jebuseus.

* Amor – Deu origem aos amorreus (amoritas).

* Gergeseu – Deu origem aos gergeseus.

* Heveu – Deu origem aos heveus.

* Araceu – Deu origem aos araceus.

* Sineu – Deu origem aos sineus.

* Aradeu – Deu origem aos aradeus.

* Samareu – Deu origem aos samaritanos.

* Emateu – Deu origem aos emateus.

Vemos assim que nenhum dos povos citados são de raça negra.

Por fim, Sem teve por filhos:

* Elam – Deu origem aos elamitas.

* Assur – Deu origem aos assírios.

* Lud – Deu origem aos lídios (da Anatólia).

* Aram – Deu origem aos arameus (caldeus, sumérios, sírios).

* Arfaxad – Deu origem aos hebreus e árabes.

Arfaxad teve por filho Sala, pai de Heber (de onde vem o nome Hebreu) e Heber teve Faleg e Jectan, que desaguou na separação da raça.

* Faleg – Deu origem aos hebreus e ismaelitas (norte da Arábia, Jordânia).

* Jectan – Deu origem aos povos do centro-sul da Arábia Saudita.

Jectan teve por filhos:

* Elmodad – Centro Sul da Arábia.

* Jaré – Seguindo a costa do Mar Vermelho, ao Sul de Abimael.

* Aduram – Centro de onde foi um dia o Iêmen do Sul.

* Uzal – Norte de onde foi um dia o Iêmen do Norte.

* Decla – Oeste da Arábia, ao sudeste do Sinai.

* Ebal – Atual Omã.

* Abimael – Ao Sul de Decla.

* Sabá – Onde foi um dia o Iêmen do Norte.

* Ofir – Sul de onde foi um dia o Iêmen do Sul.

* Hevila – Costa Norte do Golfo Pérsico.

* Jobab – Norte de onde foi um dia o Iêmen do Sul.

Enfim, tudo meramente pura geografia histórica.

desenvolvidas, lápides construídas – em absolutamente todas estas culturas. 

Um último ponto semelhante a ser citado é a alusão de paraísos terrenos, utopias. Todas na Cabala representadas como parte daqueles 22 Caminhos entre os Sephiroth, ligando justamente Malkuth, a Terra, à Netzach, o Céu Material (Éden, Monte Olimpo, Thule, Amanouki, Monte Meru, Amritzar, Eilanh-Oige), todas referindo-se basicamente ao local onde a recordação tradicional aponta como sendo a origem de sua cultura, assim os hebreus apontam a região entre o Rio Nilo, Eufrates e Tigre como sendo a região onde outrora fora o Jardim do Éden. 

 

O mesmo acontece ainda com a idéia do submundo etéreo ligado ao reino celestial (Elíseos, Shamballa, Kuen-Luen, Valhalla, Amaravati, Aaru, Mag Mell) demonstrando a nutrição, o apelo, por estar junto aos deuses, aos patriarcas, aos antepassados, seja o que for. *Existem também nestes 22 Caminhos elos entre os demais mundos reconhecidos por localidades míticas, tais como Atlântis, Avalon, Utgard, Ophiussa, Narr, Lhasa, Agartha, Yz, Dudael, etc…).

Mas voltemos a outra questão inicial deste capítulo. Deuses de mitologias distintas poderiam habitar um mesmo plano, um mesmo mundo? Em Saint Seiya esta reposta parece já estar respondida, pois Lúcifer, diz o livreto de seu filme e o próprio, era um Anjo do Tenkai, do Olimpo, e que fora derrotado e baixado ao inferno por Atena e o Arcanjo Michael. Contudo, ambos os argumentos ainda não põem fim a discussão, pois tanto Lúcifer (Heósforos,

Afrodul, Surya) pode ser encontrado em outras mitologias sob outros nomes, quanto Atena (Ea, Ganesa, Minerva) e Michael (Thor, Ares, Camulus). *Tal equivalência original não quer dizer que os mitos simbolizem apenas isto, pois evoluíram conforme as peculiaridades locais. 

Por enquanto é só, mas não duvidem que venha mais por aí um dia.