Por detrás de Ikki vemos aparecer em três ocasiões no anime um personagem um tanto quanto estranho e peculiar chamado Misshaku Kongô (ou Agyo).
Tem por origem a Índia, o berço do budismo e em sanscrito é nomeado como Vajrapani (ou Vajradara) que significa “aquele que sustenta o raio”. Vajrapani é o encarregado por todos os tantras. No Japão ganha um status plural, passando a ser conhecidos como Niô (Reis Benévolos), como divindades budistas guardiães Kongôjin (Deuses Fortes), e como Kongô Rikishi. Usualmente aparecem como guardas armados à porta de templos budistas japoneses que os protegem dos males. E assim são chamados tradicionalmente Misshaku Kongô e Naraen Kongô.
![](http://img.photobucket.com/albums/v57/michaelserra/bunioh.jpg)
A imagem acima é a mesma que aparece por detrás de Ikki quando este se encontra lutando contra Shaka na Casa de Virgem. O monumento se posta na entrada do templo Todai-ji na cidade de Kyoto, mas precisamente em seu portão sul. Misshaku é o que aparece à esquerda com a boca aberta levando um raio em sua mão direita, estando Naraen obviamente a direita portando um sabre em sua mão esquerda. Estas estátuas dos Kongo Rikishi foram construídas no período Kamakura por volta do século XIII e foram talhadas por Unkei e Kaikei com altura aproximada de 8 metros (fiuuu) em pura madeira.
![](http://img.photobucket.com/albums/v57/michaelserra/kong.jpg)
A mesma figura aparece no capítulo em que a Fênix renasce contra o Cavaleiro do Fogo e também no Torneio Galáctico.
Mais especificamente esses trechos poderiam ser retratos de uma das estátuas que estão postadas em Sugimoto Dera, na cidade de Kamakura (como vemos abaixo) e que protegem o tesouro principal do templo, uma estátua da deusa da misericórdia do budismo japonês, Kwannon que data, em seu templo, do nono século depois de Cristo.
![](http://img.photobucket.com/albums/v57/michaelserra/naraen.jpg)
No mangá sua única aparição parece retratar a estátua do templo Sanjusangendo, da cidade de Kyoto que foi confeccionada no século XII, também elaborada em madeira medindo cerca de 1,80 m:
![](http://img.photobucket.com/albums/v57/michaelserra/kongo.jpg)
Diz-se que os Niô haviam seguido e protegido Buda quando este viajou por toda a Índia. A figura de boca aberta (Misshaku) também se chama Agyo, que significa “nascimento”. E seu companheiro de boca fechada, por oposição, recebe o nome de “Ungyo” e significa “morte” e “abrigos dos bons espíritos”.
Outras descrições de ambos válidas são que Misshaku representa a energia ardente, cerrando os dentes e levantando seu punho em ação, enquanto Naraen representa a força latente, com a boca rija e esperando com seus braços retesados, mas abaixados.
Isto se encaixa perfeitamente com o enredo de Saint Seiya se pensarmos Ikki como Misshaku, com esta posição de ataque e com esta energia ardente e com Shun, com muita energia potencial, latente, mas que nunca esta disposto a lutar, sempre com os braços abaixados.
Em um outro mito japonês derivado desta história se dizia: “Havia uma vez um rei que tinha duas esposas. Sua primeira esposa deu a luz mil crianças que decidiram todas se tornarem monges e seguir as leis de Buda. Sua segunda esposa teve somente dois filhos. O mais jovem se chamava Non-o e ajudou seus irmãos em seu ascetismo. O maior, Kongorikishi, tinha uma personalidade muito mais agressiva. Ele jurou proteger a Buda e a seus adoradores lutando contra o mal e a ignorância. Kongorikishi foi o primeiro dos reis divinos chamados Niô (ou Kongô). O segundo se chamava Shukongoshin. Dentro das tradições geralmente pacifistas do Budismo, as histórias dos Guardiães Niô, como a de Kongoriskishi, justificaram o uso da força física para proteger os valores e crenças contra o mal”.
Ikki assim representaria o irmão maior (Kongorikishi), muito mais agressivo sendo. E Shukongoshin representaria o irmão menor, Shun, pacífico e que não gosta de lutar.
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